Fabricantes de carrocerias apostam em serviços como parte do negócio

DCI

 

Após uma retração de quase 70% do mercado de implementos rodoviários nos últimos anos, a indústria aposta em novos negócios para garantir crescimento sustentável, como serviços de manutenção e produção de unidades móveis. A estratégia tornou-se fator relevante na recuperação do setor.

 

“A princípio, foi uma forma de sobreviver, mas tornou-se interessante para a operação. O cliente prefere comprar com a empresa que ele sabe que vai oferecer o serviço depois. Essa área segurou bastante o setor entre 2015 e 2017”, revela o sócio-diretor da 4Truck, Osmar Oliveira.

 

A indústria de carrocerias foi gravemente atingida pela crise econômica. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), o setor perdeu 66% do mercado doméstico entre 2013 e 2017. A Guerra, segunda maior fabricante do ramo, teve sua falência decretada em novembro passado. “Toda área de transporte foi bastante prejudicada nos últimos anos. O mercado de serviços sempre fez parte, mas se acentuou nesse período em que a venda de equipamentos foi menor. Se investiu mais em manutenção”, diz o presidente da Anfir, Norberto Fabris.

 

Oliveira alerta que a decisão de apostar no segmento de unidades móveis, veículos e carretas adaptadas para negócios como foodtrucks, camarins sobre rodas e showrooms foi tomada diante da perspectiva de queda acentuada da demanda. “Foi uma forma de diversificar na hora da crise. Alguns de nossos concorrentes não tiveram essa visão e ficaram pelo caminho.”

 

O sócio-diretor da Truckvan, Alcides Braga, afirma que ao contrário do setor, a empresa cresceu em 2017, principalmente devido ao aumento de pedidos de unidades móveis. “Foi um crescimento importante, mas não o suficiente para retomar os números obtidos até 2014. Mas enxergamos uma trajetória positiva para os próximos anos”, complementa.

 

Oliveira ainda destaca que o fechamento de algumas empresas abriu uma fatia maior para a área de manutenção. “Com fabricantes fora do mercado, as frotas ficaram órfãs de serviços”, explica.

 

Momento de recuperação

 

A indústria de implementos fechou o primeiro quadrimestre de 2018 com avanço de 59,39% na comparação com igual período do ano passado. Foram emplacados 24,591 mil produtos entre janeiro e abril.

 

“O crescimento ocorre sobre uma base muito baixa. Mas o desempenho foi bastante influenciado pela safra agrícola do começo do ano, que ocasionou um bom volume de vendas. São bons números, mas não dá pra pensar numa projeção anual nesse nível”, aponta Fabris, que prevê crescimento entre 20% e 25% para 2018.

 

Na última quinta-feira (10), a Randon, maior fabricante do setor, divulgou balanço trimestral. A empresa obteve lucro líquido de R$ 43,2 milhões, contra R$ 1,6 milhão um ano antes. Em nota, a Randon declarou que “o setor automotivo está apresentando retomada consistente. Exemplo disso é a produção de caminhões, que cresceu 55,1% em relação ao 1° trimestre do ano passado.”

 

O setor de implementos rodoviários da empresa reportou 8,67 mil emplacamentos no período, alta de 76,8% ante o mesmo período de 2017.

 

“As vendas de caminhões aumentaram bem nesse primeiro quadrimestre e refletiu para o nosso setor. A tendência de melhora começou já no 2º semestre do ano passado”, avalia Oliveira. A projeção de crescimento da 4Truck, com sede em Guarulhos (SP), é de 40% no faturamento. “Estamos em um ano bastante aquecido. A disponibilidade de crédito melhorou e há uma demanda represada no pós-crise. A frota brasileira está envelhecida e chegou a hora de trocar.”

 

Já a Truckvan estima crescimento de 20% para 2018. No final de abril, a empresa unificou suas três fábricas em uma nova planta em Guarulhos. “Existe um ambiente de negócios mais positivo que o dos últimos anos, e que remete a uma melhor confiança quanto aos resultados do exercício”, esclarece Braga. (DCI/Ricardo Casarin)