Seguradoras apostam em eficiência para compensar resultado financeiro

DCI

 

As quatro maiores seguradoras do País ainda terão trimestres pressionados pela queda no resultado financeiro e pela retomada gradual das receitas operacionais ao longo de 2018. As principais apostas são nos seguros de vida, saúde e nos ramos elementares.

 

O ciclo de queda gradual e contínua da taxa básica de juros (Selic) – saindo dos 14,25% em outubro de 2016 para os atuais 6,5% – impactou fortemente os resultados financeiros das seguradoras.

 

O recuo nesse item chegou a dois dígitos nas quatro maiores seguradoras (BB Seguridade, Bradesco Seguros, Porto Seguro e SulAmérica), sendo liderado por BB Seguridade, com queda de 37,3% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2017 (de R$ 295 milhões para R$ 185 milhões).

 

Outra queda relevante veio na SulAmérica, com retração de 35,3% na mesma base de comparação (de R$ 224,1 milhões para R$ 141,4 milhões).

 

De acordo com o diretor de gestão corporativa e relação com investidores do BB Seguridade, Werner Romera Süffert, apesar de representar o maior impacto, os reflexos da Selic já eram esperados e a aposta, agora, no operacional e em produtos de seguros.

 

“O lado positivo é que o ambiente de juros menores tem consequências positivas no médio e longo prazo com o aquecimento da economia. O resultado financeiro ainda deve cair até junho, mas essa tendência começa a arrefecer a partir do segundo semestre”, explicou o executivo ao DCI.

 

Ao passo que as reduções de juros vêm desde o ano passado, por outro lado, grande parte dos players fizeram a recomposição de preços na tentativa de equilibrar os resultados.

 

No caso da Porto Seguro, por exemplo, o diretor geral da companhia, Marcelo Picanço, reforça que os resultados alcançaram o equilíbrio e que, sem maior espaço para reajustes nos preços, a expectativa é estreitar ainda mais a diferença com os prêmios.

 

“A ideia agora é ganhar em produtividade e eficiência. Esse não é um movimento instantâneo, mas na medida que a estratégia vai maturando, começamos a capturar agora os benefícios do que fizemos”, comenta Picanço, da Porto.

 

Apólices

 

Na linha de produtos, os executivos reforçam que ainda que a retomada da indústria automobilística já esteja trazendo bons frutos aos resultados com a apólice da modalidade, outros segmentos também ganham destaque.

 

“A participação deve voltar em seguros de automóveis, mas ainda abaixo do que vemos em outros negócios. Há um espaço muito grande para que outras coberturas comecem a aumentar e a tendência é que os prêmios de seguro automóvel e de outras categorias se equilibrem em participação da nossa carteira”, diz Picanço.

 

A tendência, nessa linha, passa a ser seguros de vida, saúde e ramos elementares. “Nossas operações de vida, previdência, massificados e capitalização mantiveram a margem positiva e, com a recuperação econômica, retomada na venda de veículos e melhorias em saúde suplementar, estamos confiantes de que seremos vitoriosos em aproveitar as oportunidades de mercado”, avaliou Gabriel Portella, CEO da SulAmerica, na teleconferência com analistas.

 

“Os prêmios de seguros variam bastante ao longo do ano, mas as perspectivas continuam positivas e a tendência é se manter em linha para entregar crescimento ao longo do ano”, afirmou o diretor de relações com o mercado do Bradesco, Carlos Wagner Firetti, em coletiva com a imprensa na divulgação de resultados do primeiro trimestre do banco. (DCI)