Setor de veículos dá sustentação à indústria

O Estado de S. Paulo

 

O segmento de autoveículos cresce ininterruptamente há 18 meses e, por sua importância para a produção manufatureira, vem oferecendo ajuda decisiva para a indústria, cuja recuperação ainda é insatisfatória. Os números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) são muito positivos e confirmam a disposição de compra de veículos brasileiros tanto no mercado interno como nos mercados externos.

 

A produção de 266,1 mil autoveículos no mês passado foi 40,4% maior do que a de abril de 2017, elevando para 965,9 mil unidades o total do primeiro quadrimestre (+20,7% comparativamente a igual período do ano passado) e 2,86 milhões o dos últimos 12 meses, 24,1% maior do que o dos 12 meses anteriores. Os licenciamentos aumentaram 38,5% entre os meses de abril de 2017 e de 2018, 21,5% entre os primeiros quadrimestres dos dois anos e 16,5% nos últimos 12 meses.

 

Outros números divulgados na Carta da Anfavea de maio também são promissores, como a elevação do emprego nas montadoras de 0,4% entre março e abril de 2018 e de 4,1% entre abril de 2017 e abril deste ano, para 131,7 mil pessoas. Houve, ao mesmo tempo, a redução persistente do número de trabalhadores em regime de jornada flexível (lay-off) ou incluídos no Programa de Sustentação do Emprego (PSE).

 

As exportações de US$ 1,68 bilhão em abril cresceram 36,8% em valor comparativamente às de um ano antes, atingindo US$ 17,05 bilhões nos últimos 12 meses, 39,5% acima das vendas dos 12 meses anteriores. Mas a fase de exportações recordistas será testada nos próximos meses. Na Argentina, maior importadora de veículos brasileiros, a economia enfrenta uma crise de proporções ainda mal definidas, com desvalorização do peso e alta dos juros, fatores que pesarão negativamente nas decisões dos consumidores.

 

A intensidade da retomada no Brasil também terá impacto nas montadoras. As vendas de caminhões, por exemplo, apresentam um crescimento expressivo, mas as vendas de ônibus sofreram um recuo entre março e abril de 2018. As dificuldades fiscais tendem a afetar o mercado de ônibus. Outro obstáculo poderá ser a desvalorização do real, na medida da alta de preços dos veículos importados, cuja participação nas vendas totais cresce em relação a 2017, atingindo 11,9% em abril. (O Estado de S. Paulo)