Estado de Minas
A recuperação das vendas de veículos, iniciada no segundo semestre de 2017, e o forte crescimento das exportações trouxeram um novo ânimo à indústria automobilística. O bom momento já começa a repercutir no aumento de produção, deixando para trás a ociosidade que marcou os quatro anos de crise no setor, e na ampliação de capacidade, com abertura de novos turnos de trabalho e consequente alta no nível de emprego do setor.
A notícia mais recente desse movimento vem da japonesa Toyota, que anunciou a abertura do terceiro turno nas suas fábricas de Sorocaba e Porto Feliz, ambas no interior de São Paulo, gerando 1.570 postos de trabalho, mais da metade deles nas empresas da cadeia produtiva nas duas cidades.
O ritmo mais intenso nas duas fábricas tem como meta o aumento da produção em cerca de 50%. O turno adicional nas duas plantas está previsto para começar em novembro deste ano. Dos mais de 1,5 mil empregos que serão criados, cerca de 700 serão gerados na cadeia de suprimentos de Sorocaba, segundo a montadora.
Steve St.Angelo, CEO da Toyota para América Latina e Caribe e chairman no Brasil, Argentina e Venezuela, disse que a decisão da empresa de produzir 24 horas por dia nas duas instalações foi baseada no início da produção do Yaris, o novo carro compacto da marca, que começará a ser vendido no segundo semestre deste ano. “A Toyota aumentará a oferta de produtos para os mercados brasileiro e latino-americano. O Yaris estará posicionado entre o sedã médio Corolla e o Etios, que tem obtido, desde 2012, expressivo crescimento de vendas na região”, disse o executivo.
Dados da Anfavea, a associação que reúne as montadoras no país, estima que os planos de investimentos das montadoras para o período de 2014 a 2022 superam os US$ 30 milhões (cerca de R$ 105 bilhões), e estão espalhados por várias cidades e regiões do país. A maior parte, no entanto, está concentrada entre 2017 e 2020. Além dos novos empregos que estão sendo criados com a retomada do terceiro turno, as empresas querem também zerar o número de operários que foram afastados em programas de lay off (suspensão temporária do contrato de trabalho) ou férias coletivas. É o caso da General Motors (GM) que em fevereiro deu início às obras de expansão do seu complexo industrial de São Caetano do Sul, no ABC paulista, e que vai custar R$ 1,2 bilhão.
Carlos Zarlenga, presidente da GM Mercosul, disse que a “nova” fábrica terá sua capacidade anual ampliada de 250 mil unidades para 330 mil. Em fevereiro, a GM já havia inaugurado as novas instalações da unidade de Joinville para quadruplicar a produção. Além da ampla modernização, foram instaladas duas usinagens de peças e uma linha de sub-montagem de cabeçotes e outra de montagem de motores. No total, foram investidos outros R$ 1,9 bilhão, de uma total R$ 13 bilhões previstos até 2022.
A Volkswagen é outra que vem se preparando para atender a demanda crescente por veículos no país e no exterior. Pablo Di Si, presidente da empresa na América do Sul e Brasil, anunciou recentemente R$ 2 bilhões para serem aplicados na produção do primeiro SUV da empresa alemã fabricado no país, o T-Cross, na unidade de São José dos Pinhais, no Paraná. Até o primeiro semestre de 2019, o modelo deve estar no mercado (a empresa importa outros dois modelos de SUVs).
Os recursos destinados à fábrica paranaense fazem parte dos R$ 7 bilhões que serão aplicados até 2020 no Brasil. Até lá, segundo o executivo, a Volks quer lançar 20 novos modelos, 13 deles das fábricas brasileiras, dois da Argentina e cinco que serão trazidos de fora. Para a unidade de motores em São Carlos, interior de São Paulo, a montadora quer dobrar a produção para atender o aumento das exportações de seus veículos produzidos no Brasil.
O executivo se disse “otimista” com o resultado das vendas de automóveis e comerciais leves da marca nos primeiros quatro meses do ano, em torno de 36%, bem acima da média de 20% do mercado. Di Si afirmou ainda que a montadora já havia reativado o terceiro turno na unidade da Anchieta, no ABC paulista, no ano passado, o que acabou zerando o efetivo de funcionários afastados por conta de férias coletivas, lay-off ou do Programa de Proteção ao Emprego (PPE).
A Fiat também passou, desde o final de março, a produzir em três turnos no Polo Automotivo Jeep, em Pernambuco, responsável pela fabricação do Renegade e Compass e da picape Toro. A operação em 24 horas exigiu cerca de 1,5 mil novos trabalhadores, considerando a planta automotiva e as 16 empresas do parque de fornecedores instalado no mesmo perímetro industrial. As contratações devem seguir até o final do ano. No ano passado, 179 mil veículos Jeep foram produzidos e, com o terceiro turno em operação, a produção deve atingir a plena capacidade, de 250 mil veículos por ano.
Importados em alta
As vendas de veículos importados também estão refletindo o bom momento do mercado de automóveis no país. Segundo dados da Abeifa, a associação dos importadores, foram licenciadas 11.696 unidades entre janeiro e abril deste ano, ou 43,9% a mais do que no mesmo período do ano passado. (Estado de Minas/Lino Rodrigues)