Comércio do Mercosul cresce 10,3% no primeiro trimestre

DCI

 

O crescimento econômico dos países do Mercosul e as medidas de liberalização de comércio implementadas pelo bloco continuarão impulsionando as trocas entre as nações do grupo, avaliam especialistas ouvidos.

 

Depois de ter avançado 15% em 2017, para US$ 34,505 bilhões, o volume de comércio entre o Brasil e os demais membros do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai) também apresentou alta no primeiro trimestre de 2018, ao crescer 10,3%, para R$ 8,712 bilhões, na comparação com o mesmo período do ano passado.

 

A expansão foi puxada, principalmente, por um aumento de 13,8% das nossas exportações para o bloco, que chegaram a US$ 5,813 bilhões no período. De outro lado, as importações também cresceram, em 4,2%, somando US$ 2,899 bilhões nos primeiros três meses do ano. Com isso, o saldo do Brasil com o Mercosul ficou positivo em US$ 2,914 bilhões, mostram informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

 

Denilde Holzhacker, coordenadora do laboratório ESPM Risk Analysis and International Affairs (ESPM-RAIA), avalia que o resultado dos primeiros três meses já indica uma tendência de continuidade de expansão das trocas entre o Mercosul. Ela comenta que um dos fatores que irá permitir a dinamização desse comércio é a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) dos quatro países cresça em torno de 2,8%. “As economias da região estão entrando em uma fase nova de crescimento”, afirma Holzhacker, lembrando que a recuperação da Argentina foi muito importante para o avanço das trocas entre o bloco no ano passado.

 

Além das questões conjunturais, a especialista ressalta que logo que o presidente argentino Mauricio Macri assumiu o poder, em 2016 – sucedendo, na ocasião, a ex-presidente Cristina Kirchner – ele começou a implementar uma série de medidas liberalizantes que fizeram com que com que 2017 se tornasse um “bom ano” para o Mercosul. Exemplo disso foi a retirada de sobretaxas para a importação de calçados e açúcar. “Essas negociações (de açúcar e calçado, por exemplo) estavam muito travadas”, ressalta a especialista da ESPM.

 

Automóveis

 

Por sua vez, o professor de economia da Universidade de Brasília (UNB) José Luis Oreiro ressalta que a suspensão, por parte da Argentina, de barreiras não-tarifárias para o comércio de automóveis foi importante para impulsionar as exportações brasileiras.

 

Os veículos automotores foram, inclusive, a nossa maior venda, em valor, para o bloco até março de 2018, e gerou US$ 2,257 bilhões para as empresas nacionais do segmento, expansão de 12,7% contra igual período de 2017. Do lado das importações, nossa principal compra também foi de automóveis – majoritariamente da Argentina – e chegou a US$ 984 milhões, aumento de 43%.

 

Holzhacker lembra que a renovação do acordo automotivo entre Brasil e Argentina em 2016 tornou mais livres as condições de comercialização, o que acabou dinamizando os negócios entre as empresas dos dois países.

 

Por fim, a coordenadora do ESPM-RAIA menciona que a suspensão da Venezuela do Mercosul está facilitando, não só as negociações internas do bloco, como as externas. Exemplo disso, são as conversas para a construção do acordo com a União Europeia que, na avaliação de Holzhacker, deve ser, finalmente, firmado depois de 20 anos de rodadas.

 

Outras decisões importantes tomadas no âmbito do Mercosul em 2017 foram a aprovação do Protocolo de Cooperação e Facilitação de Investimentos, que ampliou a segurança jurídica para atração de novos investimentos na região e a conclusão do acordo do Protocolo de Contratações Públicas do Mercosul, que pretende criar oportunidades de negócios entre as empresas e os governos dos quatro países. Este último, porém, só permite a participação do governo federal de cada nação e envolve tanto a exportação e importação, como a participação em licitações. (DCI/Paula Salati)