O Estado de S. Paulo
O setor de serviços e a indústria lideram a retomada do emprego nos dois primeiros meses do ano e ajudaram o mercado de trabalho a terminar o bimestre com 143,1 mil novos postos formais, o melhor resultado desde 2014. Em fevereiro foram criadas 61,1 mil vagas. Dados do Ministério do Trabalho mostraram geração de empregos em seis dos oito setores da economia em janeiro e fevereiro.
O setor de serviços e a indústria lideram a retomada do emprego nos dois primeiros meses do ano e ajudaram o mercado de trabalho a terminar o bimestre com 143,1 mil novos trabalhadores formais, o melhor resultado desde 2014. Apenas em fevereiro, foram registrados 61,1 mil novos trabalhadores. O governo comemorou, mas o dado ficou bem abaixo da previsão dos analistas, que esperavam mais que o dobro de novos empregos no mês.
A retomada do emprego segue tendência de gradual recuperação. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram geração de empregos em seis dos oito setores da economia em janeiro e fevereiro. A reação é liderada pelos serviços, onde houve 113,9 mil contratações no bimestre. Quase metade dessas vagas foi criada no ensino (51,7 mil empregos). Outro destaque ficou com a comercialização de imóveis e valores (35,6 mil).
A indústria também tem contratado mais. No bimestre, foram 67,4 mil trabalhadores, sendo que 17,5 mil foram para o setor de calçados e 12,9 mil para indústria têxtil. Por outro lado, o comércio terminou o bimestre com 73,7 mil vagas a menos – bem perto das 80,7 mil demissões de igual período de 2017.
O governo foi rápido para comemorar. Em visita a uma montadora em Pernambuco, Temer demonstrou empolgação e chegou a trocar dados dos meses de janeiro e fevereiro. “A retomada da economia permite a recuperação de milhares de postos de trabalho. Temos de comemorar”, disse o presidente nas redes sociais.
Possível candidato em outubro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi na mesma linha. “Os empregos destruídos durante a crise estão sendo recuperados e os resultados serão cada vez melhores ao longo do ano”, disse o ministro.
Nos 12 meses até fevereiro, o Caged registra 102,4 mil novos empregados com carteira.
Cautela
O tom entre economistas, porém, era bem mais cauteloso. Analistas dizem que a recuperação do emprego segue, mas o processo está sujeito a solavancos e fevereiro foi um exemplo: as 61,1 mil vagas do mês frustraram economistas que previam 135 mil empregos. O desempenho ficou aquém até da pior previsão coletada pelo Projeções Broadcast, que citava 90 mil vagas.
A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, avalia que o resultado mensal aquém do esperado não pode ser considerado positivo, mas é prematuro falar em reversão da tendência.
“Não se consegue emplacar vários meses seguidos de trajetória benigna”, comenta, acrescentando que, com ajustes sazonais feitos pela própria consultoria, o saldo de empregos de fevereiro ficou perto de zero, após quatro meses de resultados positivos.
O analista da Tendências Consultoria, Thiago Xavier, avalia que fevereiro mostra continuidade “moderada” do processo de criação de empregos. Apesar da frustração para o economista que esperava 100 mil vagas, ele diz que a recuperação persiste. “Quando comparamos com os últimos dois anos, realmente o mercado está reagindo”, comenta. (O Estado de S. Paulo/Fernando Nakagawa, Felipe Frazão e Eduardo Laguna)