Programa visa a ampliar uso da robótica

O Estado de S. Paulo

 

A modernização da indústria instalada no País requer ações em duas grandes linhas: capacitação de trabalhadores para manejo de tecnologias mais avançadas, estimulando sua criatividade para resolver problemas, e uso mais intenso de robôs nos processos de produção, característica básica da chamada Quarta Revolução Industrial, conhecida como Indústria 4.0. Esses temas foram amplamente discutidos durante o Fórum Econômico Mundial para a América Latina realizado em São Paulo. O governo aproveitou o evento para promover o projeto Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, que tem como meta elevar para 18%, até 2020, a parcela da indústria nacional atualizada quanto à aplicação da robótica e da inteligência artificial no seu processo produtivo.

 

O programa prevê financiamentos totais de R$ 9,1 bilhões, sendo R$ 5 bilhões pelo BNDES, em três anos, em operações com spread reduzido de 1,7% para 0,9%. Outros R$ 3 bilhões deverão provir da Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa (Finep) e R$ 1,1 bilhão do Banco da Amazônia (Basa). No caso da Finep, os juros terão como base a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que terá redução ou acréscimo, conforme a operação. Os financiamentos do Basa terão juros de 4,5% a 6,5% ao ano.

 

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Marcos Jorge, anunciou durante o Fórum que a tarifa aduaneira para a importação de robôs industriais será zerada. A expectativa nos meios industriais é de que essa isenção possibilite investimentos de cerca de R$ 200 milhões em equipamentos de ponta pela indústria nos próximos três anos.

 

Para gozar desses benefícios, não há discriminação entre empresas grandes e pequenas, sem excluir as startups. Além de uma campanha para divulgação do programa por meio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Mdic vai criar plataformas digitais para avaliação de empreendimentos, com indicação de um roteiro para transformação de processos ou participação em projetos-piloto e informações para contatos com os fornecedores.

 

A iniciativa incorpora sugestões que as entidades da indústria têm apresentado, mas, por ser um programa de prazo mais longo, gera incertezas quanto à sua continuidade, pois há o risco de não ser encampado pelo próximo governo ou de ser prejudicado por entraves burocráticos. (O Estado de S. Paulo)