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Ainda está indefinido o prazo para anúncio de uma nova política para o setor automotivo, conhecida como Rota 2030, que vem sendo amplamente aguardada pelas montadoras de veículos para permitir o planejamento do próximo ciclo de crescimento, disse em entrevista à Reuters nesta quinta-feira o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima.
O ministro afirmou que o programa está “dentro do prazo de maturação da Casa Civil” e garantiu que a pasta trabalha para que seja anunciado o mais rapidamente possível dada a relevância do setor automotivo no Brasil e ao redor do mundo.
“Eu não vou falar de prazos. A última vez que eu falei de prazo, e falei do prazo que o presidente previu que haveria condição de a política ser anunciada junto com os ministros, junto com o setor privado, de alguma forma repercutiu como se fosse um prazo meu, dado por mim”, disse Lima, em entrevista exclusiva à Reuters durante o Fórum Econômico Mundial para a América Latina, em São Paulo.
O Rota 2030 “está dentro do prazo de maturação da Casa Civil. Há uma boa vontade do presidente” Michel Temer, acrescentou o ministro.
“Temos um ponto de discussão que é especificamente a forma de concessão do P&D (pesquisa e desenvolvimento). É isso que está dentro do prazo de maturação da Casa Civil. De novo, temos a expectativa de que saia o quanto antes. É fundamental termos a política estabelecida o mais brevemente possível”, disse Lima.
Indagado sobre discussões do governo com o setor privado sobre a carga tributária incidente sobre veículos elétricos e híbridos, o ministro afirmou que este tema está inserido nos debates do Rota 2030.
Uma reunião ocorrida na quarta-feira passada entre representantes do Ministério da Indústria e Comércio Exterior e da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) terminou sem um compromisso do governo de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos híbridos e elétricos para 7 por cento, mesma alíquota cobrada dos modelos de motor 1.0 a combustão.
Aço
O ministro da Indústria afirmou ainda que a imposição de tarifas de importação de aço e alumínio pelos Estados Unidos é uma ação “perde-perde. Perdemos nós e perdem os Estados Unidos por tabela”, avaliou. “Eles não têm capacidade instalada suficiente neste momento para atender à demanda de mercado do produto que nós exportamos para os Estados Unidos”.
Questionado sobre a reação do governo do presidente Michel Temer às tarifas, Lima afirmou que o Brasil atuará tanto na frente diplomática, em contatos com Washington, quanto por meio da inciativa privada, com siderúrgicas brasileiras e seus clientes norte-americanos.
Na véspera, Temer levantou a possibilidade do Brasil recorrer junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas dos EUA em conjunto com outros países, caso uma “solução amigável” não seja alcançada. Lima disse, no entanto, que ainda não foram iniciadas discussões com outros países com vistas a uma representação na OMC.
O ministro disse ser impossível prever no momento se as tarifas norte-americanas provocarão um aumento das exportações chinesas de aço para o Brasil por conta de eventual mudança de fluxos comerciais. Na véspera, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, afirmou que o Brasil precisa aproveitar o momento para aplicar tarifas antidumping aprovadas mais cedo neste ano contra siderúrgicas chinesas.
“Esse potencial tem que ser observado mais à frente. Não tenho como dizer que isso acontecerá (aumento de importações de aço chinês pelo Brasil)”, disse o ministro, lembrando que a decisão da Camex foi de, além de suspender as medidas antidumping, monitorar as vendas chinesas ao Brasil. Lima afirmou ainda que o Brasil atuará de acordo com as regras da OMC quando detectar abusos. (UOL Economia/Reuters/Eduardo Simões)