O Estado de S. Paulo
Um veículo de três rodas circula sem motorista pelas ruas de uma metrópole bastante densa e movimentada. Em seguida, estaciona próximo a um passageiro, que o acionou por meio de seu smartphone, e o leva até o seu destino. Ao chegar, o homem abandona o transporte no meio fio, o qual automaticamente segue viagem para atender à solicitação de outra pessoa.
Embora pareça ter sido tirada de um filme futurista, a cena já é realidade para uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos. Foi o que mostrou Phil Tinn, pesquisador do City Science Group, do MIT Media Lab, no 1º Fórum de Mobilidade Urbana, promovido pelo Estadão. “Nosso laboratório no MIT se propõe a encontrar estratégias para redesenhar os sistemas de mobilidade que conectam os locais onde as pessoas vivem e trabalham, deixando-os preparados para enfrentar os desafios dos próximos anos”, explicou Tinn.
Batizado de Persuasive Electric Vehicle (PEV), o veículo individual de três rodas e pedal desenvolvido por eles pode circular sem motorista, pois conta com um motor elétrico e com sensores que evitam o choque com obstáculos. A ideia é que o triciclo funcione dentro de um sistema compartilhado e desempenhe o mesmo papel dos aplicativos de transporte. Ou seja, os passageiros o chamam pelo celular, fazem sua viagem e são deixados no endereço desejado. Em seguida, o PEV parte para atender a outros usuários, sem precisar estacionar, driblando assim a falta de vagas já levantada por outros especialistas. “O compartilhamento é fundamental para reduzir custos, congestionamentos e o impacto dos deslocamentos na cidade de forma geral. É um caminho para um futuro melhor no desenvolvimento urbano”, diz o pesquisador.
O veículo autônomo híbrido (que funciona por motor elétrico ou pedais, com ou sem motorista), caso do PEV, foi apontado por Phil Tinn como uma das principais soluções para o problema de mobilidade nas grandes cidades. Além de mais seguro, seria a alternativa para a integração entre diferentes modais. “Bicicletas e caminhadas são mais baratas e sustentáveis que outros meios, mas atendem a uma distância de deslocamento muito baixa. Para potencializá-las, precisamos integrá-las aos transportes públicos. Aqui, entra o PEV”, defende ele, que ainda aponta o triciclo como uma opção para os usuários percorrerem distâncias curtas, como do ponto de ônibus ou estação de metrô até a casa ou o trabalho, o chamado “last mile”.
Não é apenas a equipe do MIT que estuda a viabilização do veículo sem motorista. Montadoras como Honda, Volvo, Nissan e Toyota apontam o ano de 2020 como o início da era comercial dos carros autônomos. O Google já testa seu modelo e a Apple conseguiu em abril deste ano a licença para testar sua versão na Califórnia. (O Estado de S. Paulo/Flora Monteiro)