Caminhão elétrico da VW será produzido no Brasil

DCI

 

Nos últimos três anos, o veículo elétrico passou de uma distante realidade no Brasil para projetos concretos, como o da MAN Latin America (fabricante Volkswagen), que espera produzir caminhões com zero emissões no País a partir de 2020.

 

O presidente da montadora no País, Roberto Cortes, revela que além de um projeto piloto com a Ambev, a empresa já recebeu outras consultas para desenvolver novos protótipos do caminhão leve batizado de e-Delivery. “O plano é produzir o modelo em série a partir de 2020.” Ele conta que há cerca de três anos, quando a MAN começou a desenvolver a família de leves Delivery, a companhia já contemplava um modelo de baixa emissão.

 

O e-Delivery é 100% elétrico e tem 200 quilômetros de autonomia. “Por esse motivo, o modelo é perfeito para entregas urbanas”, observa o vice-presidente de vendas da MAN, Ricardo Alouche.

 

Cortes destaca que o projeto piloto com a Ambev resulta de vários fatores. “Além de ser uma empresa que tipicamente faz entregas nos arredores de suas fábricas, a Ambev trabalha há muito tempo conosco”, relata. “Como o e-Delivery é um veículo propriamente urbano, a Ambev se encaixa no perfil que precisávamos.”

 

Segundo ele, o e-Delivery tem duas grandes mudanças: “Sai o motor a combustão e entra o elétrico. Entram as baterias e sai o tanque de combustível.” Ele acrescenta que não houve alterações significativas no projeto do caminhão e nem será preciso fazer adaptações na linha de produção em Resende (RJ). “Nós já temos uma fábrica bastante flexível. Nenhum caminhão produzido é igual ao outro”, garante.

 

Logo no início do projeto, a MAN procurou a WEG, fabricante de motores elétricos, e a Eletra, que irá produzir o power train que impulsiona o veículo. “A WEG é uma empresa brasileira e um grande player do setor em que atua. E a Eletra tem ampla experiência e poderá fazer a adaptação necessária para o veículo”, explica Cortes. Ele salienta que as baterias são fabricadas pela chinesa Winston. “Gostaríamos que fosse uma empresa brasileira, mas por enquanto, estamos trazendo o que há de melhor lá de fora”, pontua.

 

A bateria é o item mais importante de um veículo elétrico e vem sendo pesquisada e desenvolvida no mundo inteiro há mais de cem anos.

 

E no caminhão, a bateria é um desafio ainda maior, já que sua carga não pode atrapalhar o desempenho do veículo e literalmente “pesar na balança”. “No protótipo do caminhão de 11 toneladas, chegamos a um bom peso de baterias. No modelo de 3,5 toneladas, o item ainda é um desafio”, pondera Alouche. Conforme a montadora, a bateria é o custo mais alto de um veículo elétrico.

 

Ainda segundo Alouche, a ideia da MAN é oferecer o caminhão elétrico em toda a linha urbana, que vai de 3,5 toneladas até 13 toneladas. Ele admite que o e-Delivery vai custar mais caro que o modelo a combustão, mas não mais do que 50%. “O investimento do cliente precisa se pagar, por isso estamos buscando desenvolver o projeto da maneira mais eficiente possível.”

 

O e-Delivery deve se tornar mais barato depois que o projeto se pagar, informa Alouche. “A meta é tornar o veículo economicamente viável. O cliente também precisa sentir no bolso que essa é uma boa opção para o seu negócio, não só com benefícios para a imagem da sua empresa – o que o nosso produto certamente trará.”

 

Cortes assinala que a montadora irá buscar fornecedores locais para desenvolver os componentes específicos para produzir o e-Delivery em Resende. “Queremos que empresas brasileiras participem de todo o projeto”.

 

Infraestrutura

 

Outro grande desafio para disseminar os elétricos no Brasil é a infraestrutura para carregar os veículos. Segundo o presidente da MAN, os protótipos do e-Delivery serão carregados na própria Ambev. “É preciso um equipamento específico para o serviço e um investimento para tê-lo”, diz Cortes.

 

Conforme o executivo, a infraestrutura necessária para abastecer os veículos elétricos passa pela regulamentação da revenda de energia, que poderia ser feita em postos, por exemplo, como ocorre com combustíveis convencionais. Cortes esclarece, entretanto, que hoje o setor discute no âmbito do Rota 2030 (nova política industrial para a indústria automotiva) o que pode ser feito para garantir a rodagem destes veículos.

 

“Esse é o grande obstáculo para promover as vendas de elétricos no País. O governo precisa regular a atividade.” Porém, os executivos da empresa se mostram otimistas. “O caminho para o veículo elétrico chegar ao Brasil está sendo muito mais curto do que imaginávamos. No médio e longo prazo, este vai ser um produto de prateleira não só da MAN, mas de todas as montadoras e nós queremos liderar este movimento”, avalia Alouche. (DCI/Juliana Estigarríbia)