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A indústria automobilística deve registrar taxa de crescimento das vendas próxima a um patamar de 10% a partir de 2018, estimou nesta terça-feira (19) o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale.
Com a expansão prevista, o setor deverá atingir o segundo ano consecutivo de alta das vendas, após amargar quatro anos de retração. Entretanto, mesmo com a volta do crescimento, as vendas ficarão abaixo dos patamares recordes registrados em 2012 (3,802 milhões de unidades) e em 2013 (3,767 milhões).
“O crescimento em 2018 vai ser maior do que o registrado nesse ano, e eu diria que poderemos chegar aos dois dígitos”, afirmou Megale.
Segundo ele, as melhores expectativas são justificadas pela redução dos juros, que deve alavancar a oferta de crédito; pela expansão do Produto Interno Bruto (PIB), que poderá chegar a 3% no ano que vem; e pela expectativa de recuo das taxas de desemprego, incrementando a renda disponível para a aquisição de bens duráveis.
O dirigente avaliou ainda que o mercado poderá retornar ao patamar de 3 milhões de unidades produzidas dentro de dois anos. “O que ajuda nisso é a exportação. Finalmente o País entendeu que esse assunto deve ser visto com atenção”, explicou, acrescentando que essa volta de patamar de produção poderá reduzir a ociosidade da indústria, que está atualmente em cerca de 50%.
Revisão
Para este ano, a associação, que previa inicialmente uma alta de 4% das vendas, revisou neste mês esta expectativa, agora para um incremento de 7,3%. Dessa forma, as vendas poderão totalizar 2,2 milhões de veículos.
A melhora nas projeções ocorreu diante dos números registrados entre janeiro e agosto, que apontam uma alta de 5,3% em relação a igual intervalo de 2016. Em agosto ante julho, o indicador registrou uma alta de 17,2%.
“Todos os indicadores estão nos dando a confiança de que a retomada começou e que o fim da crise está próximo”, comemorou o dirigente.
De acordo com ele, as vendas diárias de setembro estão cerca de 5% acima da média registrada no mês de agosto.
Na mesma linha, o presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, destacou que a empresa já está “vendo a recuperação se materializar”. “Claro que ainda é um pouco incipiente, mas os números dos últimos meses foram melhores do que os respectivos do ano passado. Isso significa uma retomada”, afirmou.
“Ainda existe uma certa incerteza com o futuro, mas sem dúvida nenhuma conseguimos enxergar um maior otimismo no mercado”, acrescentou.
O executivo da GM reforçou que a volta da confiança e a retração dos juros está impulsionando o aumento das vendas. “Esses são os dois fatores mais importantes para a venda de carros”, disse.
O vice-presidente de comunicação, relações externas e digital do Grupo PSA na América Latina, Fabricio Biondo, é mais ponderado sobre a recuperação, mas avalia que as vendas do setor poderão crescer entre 5% e 10% no próximo ano.
“Vamos ter um crescimento, mas baseado num mercado que caiu bastante”, ressaltou. Biondo alertou sobre os riscos das altas taxas de desemprego, que ainda persistem.
“Nossos produtos dependem de renda e crédito, mas o poder aquisitivo não cresce com desemprego”, disse, acrescentando que parte da expansão deste ano vem do mercado corporativo, em vez do consumidor Pessoa Física.
Caminhões
Enquanto a capacidade instalada do segmento de automóveis está em aproximadamente 50%, o ramo de caminhões conta com uma ociosidade ainda maior, entre 70% e 80%, afirmou Megale, da Anfavea.
Para o presidente da MAN Latin America (fabricante Volkswagen), Roberto Cortes, a área foi a que mais sofreu com a crise política e econômica. Em comparação a 2011, quando foram vendidos 170 mil veículos, houve uma queda de 75%. “Neste ano, observamos uma reversão da queda, mas ainda temos um longo caminho de recuperação”, disse.
Cortes afirma que as vendas de caminhões poderão crescer cerca de 10% em 2018, mas que os patamares pré-crise deverão vir apenas em 2021. (DCI/Rodrigo Petry)