Jornal do Carro
Nós, brasileiros, nos acostumamos a ver carros modernos no Japão, Europa e Estados Unidos, enquanto por aqui rodavam modelos ultrapassados.
Quase sempre ficamos resignadamente com as “carroças”, enquanto o Primeiro Mundo desfilava seus automóveis muito mais evoluídos.
A desculpa sempre foi o “tamanho do mercado”, e ela continuou a ser usada em algumas ocasiões mesmo quando o mercado ultrapassou a marca de 3 milhões de unidades por ano. Era a nossa sina.
Pois ultimamente algo mudou. Não, nossos carros não melhoraram tanto assim. Mas, ao menos no caso de alguns modelos, estamos de mãos dadas com os EUA. E em um caso específico as coisas se inverteram.
Tomemos como exemplo o Volkswagen Tiguan. A montadora decidiu manter no mercado norte-americano o modelo antigo do SUV, enquanto definiu que para o Brasil será enviado o novo Tiguan, na versão de sete lugares.
O Tiguan de sete lugares, batizado de Allspace, também está disponível nos EUA. O modelo é produzido no México, e abastece tanto os EUA como – futuramente – o Brasil.
Já o antigo, que deve permanecer no mercado norte-americano como modelo de entrada, é produzido na Alemanha.
Afora o Tiguan, empatamos com os ianques em dois outros casos – e em ambos ficamos em desvantagem para a Europa.
Ford Fiesta
Um diz respeito ao Ford Fiesta. Enquanto na Europa o modelo mudou de geração, a Ford decidiu que no Brasil e nos EUA o carro antigo será mantido. Para o Brasil, a Ford deve lançar em breve uma versão reestilizada do veículo. A montadora espera com isso poder fazer frente ao Volkswagen Polo, a ser lançado em novembro.
Será uma medida semelhante à adotada com relação ao EcoSport: para enfrentar novatos como Jeep Renegade, Hyundai Creta e Honda HR-V, na visão da empresa basta uma reestilização bem feita. Vamos ver como o mercado vai reagir a ela.
Nos Estados Unidos, o Fiesta segue sem alterações, ao menos por enquanto. É que lá, ao contrário daqui, o segmento para carros dessa categoria é pouco representativo, e está em declínio.
Fiat 500
O terceiro caso em que os americanos podem sentir na pele um pouco do que é ser brasileiro refere-se ao Fiat 500. O modelo produzido no México (e que abastece tanto o Brasil como os EUA) não acompanhou a reestilização do similar à venda na Europa, montado na Polônia.
O fato é que as alterações foram sutis, e praticamente restritas à dianteira. Mas ficamos sem ela, tanto aqui como na América do Norte. O curioso é que o pequeno 500 é visto com facilidade nos EUA, e numa profusão de cores com a qual nem podemos sonhar.
Parte dessa boa receptividade pode ser creditada ao estilo do modelo. Outra parte deve-se ao preço (lá, custa a partir de US$ 14.995, cerca de R$ 47 mil).
Se as montadoras decidiram esnobar os Estados Unidos, o que será de nós? (Jornal do Carro)