PSA pode ter fraudado testes de emissões de carros a diesel

Jornal do Carro

 

O grupo PSA, dono das marcas Peugeot e Citroën, está sendo investigado pelo governo da França sob a suspeita de ter usado um software para fraudar os testes de emissões de poluentes em quase 2 milhões de carros movidos a diesel. As informações foram reveladas ontem pelo diário francês Le Monde.

 

Investigadores da DGCCRF, a agência responsável pela homologação ambiental de veículos na França, descobriram documentos internos da PSA contendo ordens expressas para que o dispositivo fraudulento fosse tornado “menos evidente e visível”.

 

A Volkswagen foi o primeiro conglomerado automotivo a ser flagrado em fraudes de testes de emissões de poluentes, em escândalo que ficou conhecido como Dieselgate.

 

Foi descoberto que seus carros recebiam um software que mascarava a emissão de óxidos tóxicos de nitrogênio apenas durante os testes de aferição das emissões – nas ruas, os carros poluíam acima do permitido.

 

Como consequência, o Grupo VW foi obrigado a pagar multas bilionárias, promover recalls de mais de 8 milhões de carros apenas na Europa e recomprar milhares de veículos de consumidores que se sentiram prejudicados.

 

Na França, a PSA é o quarto grupo alvo de investigações por suspeita de fraudes, atrás da própria Volkswagen, da Renault e da FCA (Fiat-Chrysler). Se condenada, ela poderá sofrer multas de até 5 bilhões de euros (R$ 18,5 bilhões).

 

Em resposta à denúncia, o grupo PSA emitiu uma nota declarando que não houve nenhuma fraude ou ilegalidade nas calibrações dos motores de seus carros. A empresa se diz indignada com a atitude do governo francês, que teria repassado as informações que apurou a terceiros sem dar à empresa a chance de ler o laudo das investigações e se pronunciar antecipadamente.

 

O chefe de engenharia da PSA reconheceu que a filtragem das emissões dos motores a diesel da empresa era propositalmente reduzida, mas apenas em percursos rodoviários, nos quais a liberação de óxido nítrico é tida como menos problemática que na cidade, e alegou que essa prática melhoraria a eficiência energética dos veículos.

 

O anúncio da investigação derrubou as ações da PSA nas bolsas europeias, que tiveram baixa de 4,4% durante o dia de ontem.

 

Neste ano, a PSA comprou a Opel, antiga subsidiária europeia da General Motors, e com isso passou a ser o segundo maior grupo automotivo em vendas no Velho Continente, perdendo apenas para a Volkswagen. (Jornal do Carro)