O Estado de S. Paulo
O casal Hernanes e Érica tem quatro filhos: Ezequiel, de 10 anos, Lúcia, 8, Máximo, 4, e Angélica, 2. Por causa da profissão dele – meio-campista de talento, com passagens pelas seleções brasileiras olímpica e principal e por alguns dos maiores clubes do mundo, como Internazionale de Milão, Juventus de Turim e São Paulo –, nos últimos sete anos a família morou na Itália e na China. “Sempre que vínhamos ao Brasil, de férias, alugávamos uma Kombi. Era o carro ideal para poder levar a família toda”, conta o jogador, de 32 anos. “Aí minha mulher ficou sabendo que o carro ia sair de linha e resolveu comprar uma Last Edition. É nosso meio de locomoção, e gostamos muito.”
A Kombi de Hernanes, modelo 2014, é a número 427 do lote de 1.200 que a Volkswagen fabricou para marcar o fim de linha do modelo. E tem todas as características que a tornam de fato um carro de uso familiar, com vida: cadeirinha de criança no banco de trás, brinquedos pelo assoalho, ventilador preso ao painel e um cobertor estrategicamente deixado no banco. “É nosso ar-condicionado. No calor, ligo o ventilador. No frio, cobertor nas pernas”, brinca.
A perua deixa a garagem para viagens ao interior, para passeios e pequenos trajetos pela cidade, além de levar uma família com muita bagagem ao aeroporto. No dia a dia, Hernanes usa um carro moderno, importado, com câmbio automático, mas não estranha as características da Kombi. “O segredo do volante é esterçá-lo com o carro em movimento, senão fica duro”, diz. “Na estrada, quando passa de 80 km/h, ela dança um pouco, tem de ter atenção. Mas eu gosto mesmo é do motor, é um carro muito bem disposto, sobe ladeiras com facilidade, é bom de dirigir e a manutenção não tem segredo.”
Como ocorre para boa parte dos brasileiros, a Kombi esteve desde cedo na vida de Hernanes. Na sua infância e adolescência, no Recife, o garoto pernambucano ia para a escola e para os treinos de lotação. “A Kombi estava sempre lotada. Eram o motorista e pelo menos mais dez pessoas. Cheguei a ir para a escola sentado no colo de uma mulher que eu nem conhecia”, lembra-se. “Outro dia transportei meus quatro filhos e mais três amiguinhos deles. Parecia meus tempos de lotação.”
Apesar das qualidades destacadas por Hernanes, a Kombi Last Edition provocou alguma polêmica quando foi lançada, em 2013. O preço, R$ 85 mil, representava quase o dobro do cobrado na versão normal, e isso assustou os compradores. O lote total previsto era de 600 unidades, mas a Volkswagen resolveu dobrar a produção, o que gerou protesto de alguns clientes. Eles se queixaram da perda de exclusividade (um deles foi à Justiça e ganhou a ação contra a montadora).
O carro, porém, tem equipamentos e uma sofisticação que não se encontravam nas Kombis da primeira geração. O motor 1.4 flexível, refrigerado a água, de 80 cv quando abastecido com etanol, agradou a Hernanes, assim como a maioria dos consumidores.
A carroceria, pintada nas tonalidades azul e branco, no estilo saia-e-blusa, traz gravada a inscrição 56, em alusão ao número de anos em que o utilitário foi produzido no País.
Para-choques e rodas são brancos. Os pneus trazem faixa branca, outra alusão aos primórdios da versão Luxo no Brasil. A grade superior e os aros dos faróis são pintados de azul.
Por dentro, a Last Edition traz toca-CDs, cortinas com o logotipo “Kombi” bordado nas braçadeiras e bancos com forração de vinil nas cores azul e branca. Laterais e as costas dos assentos têm acabamento de vinil expandido cinza. “O pessoal fica surpreso ao ver a família passeando de Kombi. Ao mesmo tempo, eles elogiam o carro. Ele é bonito e tem conforto”, diz Hernanes. (O Estado de S. Paulo/Roberto Bascchera)