Jornal do Carro
Em 2014 surgiram as primeiras notícias daquele que se tornaria um dos maiores escândalos da indústria automotiva e também um dos casos de defeitos recorrentes que, até agora, já atingiram cerca de 80 milhões de carros e 100 milhões de deflagradores de bolsas de airbags defeituosos produzidos pela sistemista japonesa Takata.
O caso, que atingiu carros em todo o mundo, incluindo o Brasil, envolveu mais de 30 marcas, entre elas as também japonesas Honda e Toyota que equipavam praticamente todos seus carros com esses componentes.
O deflagrador do airbag é uma peça responsável por inflar a bolsa na hora de um impacto e que fica envolvida por um revestimento metálico. Em caso de colisão, essa peça metálica se desfaz enchendo a bolsa em milissegundos.
No caso dos airbags defeituosos, fragmentos metálicos do deflagrador eram lançados na direção dos ocupantes dos bancos dianteiros, causando ferimentos e até mortes. Até agora, as autoridades de vários países, a maioria dos casos nos Estados Unidos, computaram 19 mortes relacionadas a acidentes envolvendo os airbags defeituosos.
Apesar do caso só ter tomado forma em 2014, dez anos antes, em 2004, após um motorista se ferir com farpas metálicas em um acidente no qual o airbag de um Honda Accord foi acionado, a Takata realizou testes para garantir a qualidade de seus produtos.
Segundo fontes do jornal The New York Times, os testes concluíram que os airbags eram defeituosos, mas que ao invés de realizar o recall e parar a produção, executivos da companhia ordenaram que todo o material do teste, desde relatórios, vídeos e backup dos servidores fossem destruídos para não restar prova do conhecimento da empresa sobre o problema.
Após as investigações mais recentes, a Takata assumiu o erro, pediu desculpas e começou um processo de substituição das peças defeituosas. Segundo a companhia, o defeito nas peças foi causado por uma falha no controle de umidade das fábricas responsáveis pela produção dos deflagradores localizadas nos Estados Unidos e no México, enquanto os componentes produzidos na unidade da Alemanha eram mantidos sob as condições ideais.
Entre multas, processo de reposição das peças, que precisa ser gratuito para o consumidor, a companhia que também fabrica outros componentes automotivos, entrou com um pedido de falência nos Estados Unidos e Japão e vendeu suas operações para a Key Safety Systems, por cerca de US$ 1,59 bilhão. Com um lucro de cerca de US$ 6 bilhões em 2016, a conta de encargos pode chegar a US$ 10 bilhões.
A estimativa é que 70% dos carros em todo o mundo equipados com os air bags defeituosos da Takata ainda não tenham atendido a convocação para substituição da peça. (Jornal do Carro)