Folha de Londrina/Agência Estado
O mercado brasileiro de veículos chegou em 2017 a uma situação inédita: a venda de utilitários esportivos, conhecidos pela sigla SUV, superou pela primeira vez o consumo de carros de entrada, que estão entre os mais baratos. De janeiro a abril, os SUVs alcançaram 21,4% do mercado de automóveis, contra 17,5% em igual período de 2016, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Há quatro anos, quando as vendas de veículos bateram recorde no Brasil, este segmento representava apenas 8,9%. Os carros de entrada, por sua vez, fizeram o caminho inverso. Em 2012, tinham a maior fatia do mercado, com 31,3% do total. Hoje, no acumulado de 2017, são 20,7%.
Em 2013, quando a indústria automotiva atingiu a produção de 3,8 milhões de unidades, o segmento de SUVs compactos representava 5%. Mesmo com a queda da produção, que ano passado chegou à faixa de 2 milhões, conseguiu chegar a 13%. Os SUVs médios e grandes, como Tuckson e ASX, tiveram crescimento menor, ficando na faixa de 7%.
Virada
A virada começou a se desenhar em 2015, por meio de dois movimentos. De um lado, a alta do desemprego e a menor oferta de crédito por parte dos bancos reduziram a chance dos mais pobres de obterem financiamento para adquirir um carro zero. Do outro, as montadoras, percebendo que só os mais ricos continuariam com poder de compra, concentraram seus esforços no lançamento de veículos que pudessem agradar a este público, dando preferência aos SUVs.
Praticidade e agilidade são dois pontos que têm atraído o consumidor dos compactos. “As nossas pesquisas mostram que os clientes buscam design e espaço interno para a família e para a bagagem. O tamanho dos compactos também atrai pela praticidade de mobilidade, uma vez que os espaços para estacionamento estão cada vez menores”, comenta Juliana Fukuda, gerente de marketing da Nissan.
A altura dos SUVs também é um ponto importante, na avaliação da gerente, pois pelo lado de fora garante uma segurança em relação a fatores externos, como assaltos, e de dentro, o motorista tem uma visibilidade maior. “É um conjunto de fatores que tornam mais atrativos os SUVs”, disse.
Foco
A montadora está concentrando o seu foco no crossover Nissan Kicks, que desembarcou no País ano passado. Inicialmente, o modelo chegou apenas nas versões topo de linha, produzidas na planta do México. Mas a partir deste ano, a Nissan nacionalizou a produção e deve ampliar a gama de versões. “Hoje, o SUV representa em torno de 40% a 50% das nossas vendas. Estamos, inclusive, com falta de algumas versões do Kicks. As vendas aceleraram mais rápido do que esperávamos”, afirma Fukuda.
O crossover urbano é produzido no Complexo Industrial de Resende, no Estado do Rio de Janeiro. Com a chegada do modelo brasileiro, o Kicks conta com versões S, SV, SL, além de um modelo voltado para pessoas com deficiência (PcD) e táxis. Outras novidades são a oferta do câmbio manual e a disponibilidade de novos equipamentos – alguns deles inéditos para o segmento – e de novas cores e combinações 2-Tone.
Novos modelos
A Renault lançou uma ‘estratégia SUV’ no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado, quando apresentou pela primeira vez o SUV compacto urbano Kwid, em versão conceitual; o Captur; e também o Koleos, um SUV topo de linha. Os três carros serão lançados este ano.
“Os três novos SUVs são fundamentais na nossa estratégia de continuidade de crescimento da Renault no Brasil. O novo design mundial da marca, aliado à conectividade para facilitar o dia a dia dos clientes, foram as prioridades no desenvolvimento destes produtos”, afirma Fabrice Cambolive, presidente da Renault do Brasil.
Totalmente em linha com a nova identidade da Renault, os veículos têm carroceria musculosa, linhas bem marcadas, distância elevada do solo e balanços dianteiros e traseiros pequenos, oferecendo ótimos ângulos de entrada e saída.
O Captur chegou às lojas em março. Amplo espaço interno e conectividade são os pontos fortes do novo SUV da montadora francesa. Mas a grande aposta da Renault é o Kwid. O novo compacto urbano será lançado no Salão do Automóvel de Buenos Aires, em junho. Na sequência, chega o Koleos, que foi apresentado recentemente no Salão de Paris. O carro chega com uma versão premium de grande porte com alta tecnologia embarcada. Traz, entre outros equipamentos, alerta de ponto cego, sistema de áudio Bose e sistema multimídia com tela de 8,7”.
A montadora conta com uma gama de SUVs, que tem ainda o Duster, considerado um modelo extremamente robusto e versátil. Além da Duster Oroch, picape baseada no SUV que inaugurou um segmento.
General Motors, Volkswagen, Toyota e até mesmo Fiat estudam produção local de SUVs pequenos. Por alguns anos, as vendas foram dominadas pela Ford, com o EcoSport, primeiro carro nacional dessa categoria, lançado em 2003.AFordnãorevelaaprevisão de lançamentos para este ano, mas de acordo com o porta-voz da montadora, Fernando Pfeiffer, o segmento, em especial o compacto, tem uma grande importância para a empresa. (Folha de Londrina/Agência Estado/Aline Machado Parodi)