DCI
A Mercedes-Benz já enxerga uma mudança de comportamento do mercado de ônibus, que amarga quedas sucessivas. Com 70% de participação no segmento de urbanos – que representa metade dos volumes no País – a montadora espera estabilidade para 2017.
“Acredito que a partir de agora vamos viver um novo momento. Apesar de patamares mais baixos, a tendência é que o mercado de ônibus apresente estabilização”, disse em entrevista ao DCI o diretor da área na Mercedes, Walter Barbosa.
Segundo ele, o mercado brasileiro vende atualmente 50% para o segmento urbano; 25% para escolar e 25% a micro-ônibus. “Hoje, rodoviário e fretamento têm níveis de vendas ínfimos.”
No ano passado, o mercado de ônibus apresentou queda de 34% dos volumes em relação a 2015, que já havia registrado retração de 40%. “Voltamos aos níveis da década de 1990”, conta.
No entanto, Barbosa conta que no primeiro quadrimestre deste ano o cenário mudou. “O comportamento do mercado mudou completamente.”
O executivo relata que as vendas de ônibus escolares – feitas com recursos do governo federal aos municípios – cresceram 125% em relação a igual período do ano passado. “Esta expansão nos surpreendeu”, destaca Barbosa.
No entanto, o segmento mais representativo, o de urbanos, reportou queda de 44% no acumulado até abril. “O segmento está represado.”
Em dezembro, o governo federal anunciou o programa Refrota, que visa renovar até 10% da frota de ônibus urbanos e metropolitanos do País. A linha disponível soma R$ 3 bilhões. “Naturalmente, os empresários estão esperando a liberação destes recursos.”
Ele ressalta, entretanto, que independente do cenário, existem obrigações contratuais de renovação da frota de urbanos. “Claro que o segmento sofre com a crise, mas de forma mais branda”, diz.
Neste sentido, Barbosa está otimista com as perspectivas para a venda de ônibus urbanos. Ele revela ao DCI, em primeira mão, que a Mercedes acaba de fechar uma importante venda de 187 unidades para a prefeitura de Recife (PE). “Os municípios estão tentando equilibrar os contratos”, complementa.
Rodoviários
O segmento mais rentável da indústria de ônibus, o de rodoviários, continua represado, conta o diretor da Mercedes. “Há três anos que as vendas estão paralisadas porque o mercado passou por uma revisão”, comenta Barbosa.
O executivo afirma que, entre os fatores que impactaram este mercado, está a mudança do regime de licitação para autorização. “Mas a boa notícia é que agora este negócio está mais estável. Acabamos de fechar uma venda expressiva de 450 ônibus rodoviários.”
Barbosa observa que o segmento de fretamento ainda sofre com a crise das indústrias. “Este mercado depende da performance das empresas que transportam seus funcionários. Para se ter uma ideia da importância do segmento, há cinco anos esse mercado era de 2,5 mil unidades por ano.”
No entanto, de janeiro a abril, as vendas totais do segmento somaram apenas 151 unidades. “A retomada dependerá do desempenho da indústria”, avalia.
O recorde do mercado brasileiro de ônibus aconteceu em 2011, quando as vendas totais atingiram 32,9 mil unidades. No ano passado, as montadoras comercializaram apenas 10,3 mil unidades. “Estamos vivendo um novo ciclo na indústria. Pelo menos nos próximos dois anos, o mercado deve girar entre 10 mil e 12 mil veículos”, estima o executivo.
Contudo, ele revela que as montadoras já se ajustaram e os estoques estão equacionados. “Neste cenário, a marca que fizer a melhor oferta sai na frente e nossa linha é a mais completa”, garante.
Barbosa estima que hoje a empresa tem cerca de 50% de participação no mercado brasileiro de ônibus. “Se as vendas de urbanos caírem, naturalmente vamos ter menos share, mas trabalharemos para mantê-lo”, informa. (DCI/Juliana Estigarríbia)