O Estado de S. Paulo
A participação na produção global de carros com combustível alternativo, principalmente híbridos e elétricos, deve passar dos 4,2% registrados no ano passado para 11,2% em 2023, segundo projeções da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC).
O crescimento será constante, mas o Brasil não deve acompanhar o ritmo dos demais países ao longo desse período. “Será um traço nas estatísticas”, prevê o sócio da PwC, Marcelo Cioffi, responsável pela área automotiva da consultoria. “A matriz brasileira sempre vai puxar para o etanol”, diz ele.
O programa Rota 2030, em gestação pelo governo federal, montadoras e autopeças para substituir o Inovar-Auto – que vence em dezembro -, vai privilegiar o etanol.
Hoje, modelos híbridos tem um motor elétrico e outro a combustão, abastecido com gasolina. Os dois trabalham em sinergia. Cioffi acredita que o etanol poderá substituir a gasolina, mas isso depende de adaptações que a fabricante terá de fazer.
Já os carros puramente elétricos, abastecidos na tomada, devem demorar ainda mais a ter participação significativa na frota brasileira.
Mercado micro
De janeiro a abril deste ano, foram vendidos no Brasil 738 veículos híbridos ou elétricos, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em todo o ano passado foram 1.091 unidades.
O governo antecipou que, no Rota 2030, a tributação dos veículos deve levar em conta motores eficientes (que consomem e poluem menos) no lugar das cilindradas. Hoje, por exemplo, carros com motor 1.0 pagam menos IPI. Os híbridos e elétricos, como não têm esse tipo de classificação, recolhem 25% de IPI.
Corrigir esse tratamento é uma das medidas esperada pela Toyota, que já manifestou intenção de produzir no Brasil seu híbrido Prius, hoje importado. Mas não é só isso. “A demanda precisaria chegar a umas 20 mil unidades por ano para que possamos reforçar estudos de produção local”, informa Ricardo Bastos, diretor da montadora. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)