O Estado de S. Paulo
A fábrica da Volkswagen de São Carlos, no interior de São Paulo, venceu uma disputa global e vai fornecer motores para modelos da marca produzidos no México. Inicialmente serão 250 mil propulsores a serem entregues a partir do segundo semestre deste ano até 2020.
Para atender o novo contrato, a Volkswagen fará investimento extra de R$ 50 milhões em adaptações na fábrica, mas não haverá novas contratações. “Vamos, ao menos, manter o efetivo atual, de 800 funcionários”, diz o presidente da montadora no Brasil e América do Sul, David Powels. Por causa da crise econômica e da consequente queda nas vendas de veículos, a fábrica opera com alta ociosidade.
De acordo com a empresa, fábricas da maioria dos países onde atua disputaram o contrato, cujo valor não foi revelado. Os motores do tipo EA211 1.4 TSI vão equipar os modelos Jetta, Golf e Golf Variant. Até agora eram feitos na própria fábrica do grupo, no México.
Esse equipamento já é feito na filial brasileira e equipa o Golf produzido em São José dos Pinhais (PR). Para atender a demanda mexicana, o produto passará por algumas mudanças, como adaptação ao combustível local. A fábrica de São Carlos também produz motores 1.0 e 1.6 para toda a gama de veículos da marca no País.
Segundo Powels, além dos investimentos em modernização do processo produtivo, “o que ajudou bastante a melhorar a competitividade da fábrica foi o acordo feito com os trabalhadores, que deu flexibilidade às questões trabalhistas e tem validade de cinco anos”.
Salário integral
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos, Eric Silva, o acordo trabalhista fechado em dezembro prevê, entre outras medidas, o não repasse de até 5% do INPC aos salários neste ano e em 2018, programas de demissão voluntária, adicional noturno de 20% (antes era 25%) e adoção de lay-off (suspensão temporária de contratos) e do Programa Seguro Emprego (PSE, antigo PPE).
Silva informa que, desde 2014, a fábrica opera com ociosidade de 40% a 60% de sua capacidade produtiva. Cerca de cem funcionários estão em lay-off e o PSE está em vigor desde o final de 2015, com redução de jornada e salários de 20% a 30%.
“Com o novo contrato de exportação, a expectativa é que o PPE acabe e os trabalhadores voltem a receber o salário integral”, diz o sindicalista.
Os R$ 50 milhões para adaptações na fábrica de São Carlos vão se somar aos R$ 460 milhões que estão sendo investidos na unidade desde 2015.
Outra montadora que anunciou investimentos recentes na produção de motores é a Toyota. A fábrica do grupo inaugurada em meados de 2015 em Porto Feliz (SP), inicialmente para a produção de motores para o compacto Etios, será ampliada para produzir também o motor do sedã Corolla.
O anúncio feito em dezembro prevê mais R$ 600 milhões de investimentos na unidade, além dos R$ 580 milhões iniciais. Por enquanto o objetivo é atender a demanda interna, mas não está descartada a exportação futura de motores.
Exportações
Em automóveis, a Volkswagen é líder de exportação no Brasil. No primeiro trimestre deste ano, embarcou 47.925 veículos para países da América do Sul, da América Central e do Caribe. O número é o dobro do registrado em igual período do ano passado. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)