As vendas de veículos melhoraram em março

O Estado de S. Paulo

 

Em março, 189,1 mil veículos foram comercializados no País, 39,4% mais do que em fevereiro e 5,5% acima de março de 2016, segundo a associação das montadoras (Anfavea). Mas, embora o presidente da entidade, Antonio Megale, tenha afirmado que o crescimento de março não foi “consistente” nem “robusto”, outras razões justificam algum otimismo.

 

A Anfavea adota uma postura cuidadosa num ambiente de incertezas econômicas e políticas. As vendas de março, segundo Megale, decorreram, em grande parte, não das vendas para consumidores finais, mas para empresas: “Tivemos um aumento maior do que o normal das vendas para pessoa jurídica, e isso pode refletir algumas renovações de frota dessas empresas, e são grandes compras que geram distorções”. De fato, entre março de 2016 e março de 2017, caíram em 7,1% as vendas para os consumidores finais, enquanto as vendas para empresas subiram 36,2%. Cabe indagar se as empresas renovariam as frotas se não alimentassem esperanças na retomada da economia e na demanda final.

 

Outro dado relevante é o do aumento de 28,6% das vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias, na comparação entre os meses de março de 2016 e de 2017, e de 41,1% entre os dois primeiros trimestres de cada ano. São números elevados, indicando a pujança do setor agrícola, que deverá puxar a retomada em 2017. As exportações foram de US$ 3,34 bilhões no primeiro trimestre, um recorde histórico ajudado pela demanda da Argentina, que deverá importar entre 850 mil e 900 mil veículos neste ano.

 

As vendas de caminhões pesados cresceram 57% entre fevereiro e março, mas foram 15,3% inferiores às de março de 2016. Os estoques nas montadoras e revendedoras (218,6 mil veículos) passaram de 33 dias de vendas em fevereiro para 35 dias em março. As montadoras, que empregavam 121 mil pessoas em março, cortaram 491 postos no mês e 7.717 em 12 meses. As vendas de motos, segundo a associação das revendedoras (Fenabrave), caíram 26,2% entre os primeiros trimestres de 2016 e 2017.

 

Do consumidor final depende uma recuperação consistente do setor. O juro menor poderá ajudar muito as vendas. (O Estado de S. Paulo)