Renault deixa “varejão” para falar de design

O Estado de S. Paulo

 

Mesmo depois de dois anos seguidos de queda no mercado de veículos, que perdeu quase metade das vendas em 2015 e 2016, a Renault está apostando em uma renovação quase completa de sua linha de produtos. Além do utilitário Captur, lançado recentemente, a companhia francesa tem outras novidades previstas para 2017, entre elas o Kwid – que chegará para substituir o veículo de entrada Clio – e o Koleos, que concorrerá com os SUVs de luxo, que hoje custam mais de R$ 100 mil.

 

Para apresentar as novidades e também investir na criação de uma percepção maior de valor dos produtos da montadora, a companhia está deixando de lado o estilo “varejão” da comunicação – mais focada em preço e promoções – para priorizar os diferenciais de seus veículos. “Nosso objetivo é lançar produtos em segmentos que vão nos ajudar a ganhar mais market share (participação de mercado) e falar sobre o design europeu adaptado ao Brasil”, explica o presidente da Renault no Brasil, Fabrice Cambolive.

 

Apesar de o mercado ter tido retração de mais de 20% em 2017, a montadora afirma que conseguiu ganhar fatia de mercado. Segundo dados da empresa, a participação da Renault atingiu um pico desde a entrada da companhia no mercado brasileiro, com 7,5% das vendas totais de veículos leves no ano passado – alta de 0,2 ponto porcentual ante 2015. Em 2010, a fatia da empresa não chegava a 5%.

 

Design

 

Uma campanha da Renault que estreia hoje tenta “traduzir” essa nova fase da marca. O filme, criado pelo presidente da Neogama, Alexandre Gama, foi produzido no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), e mostra o Captur passeando pelas famosas rampas criadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Os carros, que antes quase sempre apareciam nas ruas, agora ganham um novo ambiente: interagem com obras de arte e se integram a elas.

 

Segundo o publicitário, ter uma série de novos produtos ajuda o trabalho de comunicação – já que sempre há notícias para dar ao consumidor. “Estamos buscando uma linguagem renovada para o novo portfólio de produtos”, diz Gama. Segundo ele, no caso da Renault, os investimentos em publicidade têm a intenção de ampliar os domínios da marca, apresentando resultados concretos. “Temos muita liberdade para trabalhar, mas somos cobrados pelo market share”. (O Estado de S. Paulo/Fernando Scheller)