Futuro tecnológico fará indústria de carros se concentrar na mão de poucos

UOL Carros

 

Entre os grandes desafios da indústria automobilística mundial está a tendência de consolidação. Em outras palavras, fusões, aquisições, alianças e acordos para tornar o negócio sustentável a longo prazo.

 

Essa coluna comentou, em mais de uma oportunidade, que o quadro atual de grandes grupos controlando várias marcas ainda passará por modificações. Afinal, os investimentos para diminuição de consumo (por consequência de dióxido de carbono – mais conhecido por CO² -, um dos gases de efeito estufa e mudanças climáticas), controle de emissões de gases regulamentados (monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos) e maiores exigências de segurança veicular ativa e passiva vão demandar imensos recursos financeiros.

 

Sem contar os gastos que já existem com hibridização e eletrificação.

 

Mais recentemente os esforços para a gradativa adoção de veículos com direção semiautônoma e, em seguida, totalmente autônoma, levaram grupos automobilísticos a desenvolver pesquisas avançadas altamente custosas, alguns por conta própria, outros em associação com gigantes da informática. Como há muito dinheiro envolvido e altos riscos inerentes ao próprio negócio, o quadro atual de conglomerados deve se alterar.

 

Há cerca de dois anos a consultoria Business Insider (BI) fez um levantamento e apontou que 14 grupos automobilísticos controlavam 54 marcas de automóveis e veículos comerciais leves, conforme a ilustração que abre esta reportagem. Pelo critério do estudo, os grupos Renault e Nissan estão separados, pois formam apenas uma aliança. Nesse meio tempo a aliança comprou a russa Lada e a Nissan anexou a japonesa Mitsubishi. Mais cedo ou mais tarde os referidos grupos tendem a se fundir, apesar de resistência do governo francês, dono de 20% das ações da Renault.

 

A Suzuki, que vendeu parte das suas ações para a Volkswagen e as comprou de volta, é a japonesa mais perto de algum grande conglomerado. A Honda afirma querer se manter independente. Duas pequenas japonesas, Mazda e Isuzu, terão dificuldades se não se unirem a um grupo maior.

 

Na semana passada GM e PSA (Peugeot Citroën, DS e a chinesa Dongfeng) admitiram conversações para venda da alemã Opel e da inglesa Vauxhall (na verdade, carros Opel com logotipo próprio e volante do lado direito) – o grupo americano perde dinheiro na subsidiária europeia há 16 anos e acumula prejuízo de US$ 15 bilhões. Como PSA e Opel já têm parceria para desenvolvimento de duas famílias de modelos, tudo indica que o negócio deverá ser fechado, embora não alterasse o quadro mundial de consolidação, pois se trataria de movimento interno.

 

Especulações, no entanto, rondam os desdobramentos desse fato recente. Pode acontecer de a GM examinar a possibilidade de compra do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles). No ano passado, Sergio Marchionne, principal executivo da FCA, veio a público sugerir tal negociação, mas os americanos ignoraram. Se ficar sem nenhuma presença na Europa, talvez tenha chegado o momento de a GM rever o assunto, como comentado na imprensa especializada dos EUA.

 

Livre do peso que a Opel/Vauxhall representa, a superfusão formaria o maior conglomerado automobilístico do mundo, como foi a própria GM por 75 anos (1931 a 2005 e em 2011). (UOL Carros/Fernando Calmon)