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Após investir R$ 1,2 bilhão em uma fábrica no Brasil, a chinesa Chery espera atingir apenas em 2021 a capacidade instalada de 50 mil unidades, um terço do volume previsto no projeto inicial.
“Estamos vivendo uma tempestade perfeita. Mas a empresa está renascendo”, disse na última sexta-feira (16) o vice-presidente executivo da Chery do Brasil, Luís Curi.
Ele conta que a decisão da fábrica de Jacareí (SP) foi tomada antes do Inovar-Auto, em meados de 2009. “A matriz já tinha planos para fabricar localmente.”
No entanto, a regulamentação tardia do novo regime automotivo e o aprofundamento da crise do setor acertaram em cheio os planos da montadora, maior estatal do setor automotivo da China.
“Os consumidores dos nossos carros de entrada sumiram com a retração da economia”, acrescenta. Neste ano, Curi afirma que a Chery deve vender apenas 2 mil unidades no País. A produção em Jacareí deve ser ainda menor, após problemas nas negociações com o sindicato dos metalúrgicos da região.
“Este foi um ano sabático para nós”, ironizou Curi. Segundo o executivo, em 2017 a montadora projeta vender 10 mil unidades no Brasil, das quais cerca de 7 mil unidades devem ser produzidas na fábrica do Vale do Paraíba. Curi revela ainda que as exportações, apesar de tímidas, são muito importantes para a unidade.
A companhia já negociou para o ano que vem a venda de cerca de 500 unidades para Argentina, Colômbia, Peru, Bolívia e Uruguai. “A receptividade dos nossos produtos tem sido boa”, garante o executivo.
Nova estratégia
A marca chinesa ficou conhecida no Brasil pelos carros “populares completos”. Porém, Curi afirma que a política global da matriz de concentrar esforços na fabricação de utilitários esportivos (SUVs) também vai ser aplicada no Brasil.
Em 2017, a marca passa a comercializar novos modelos de SUVs, incluindo o Tiggo 2, que começará a ser produzido em meados de fevereiro. Segundo Curi, entre 2021 e 2024 a maior parte dos modelos fabricados localmente será de utilitários esportivos.
“No ano que vem, teremos novos canais de distribuição, nova identidade visual e um portfólio completamente renovado”, garante Curi. “A Chery continua acreditando no País”. (DCI/Juliana Estigarríbia)