DCI
Apesar das montadoras terem ampliado a oferta de tecnologias de conectividade para modelos de entrada, o brasileiro ainda precisa desembolsar quantias consideráveis para conectar seus smartphones ao veículo.
O consultor da Route Automotive, Wladimir Molinari, explica que o brasileiro tem como uma de suas prioridades na hora de comprar um carro a conectividade, mas nem sempre encontra preços acessíveis.
“Tecnologias que conectam o veículo ao celular do usuário estão no topo da lista de desejos do consumidor brasileiro, inclusive no segmento de entrada. O brasileiro quer sempre custo-benefício”, analisa.
Há apenas alguns anos, as centrais multimídias que conectam o smartphone ao veículo eram restritas aos segmentos de maior valor agregado. Os consumidores de modelos de entrada, conhecidos como “carros populares”, não poderiam nem adquirir esse tipo de tecnologia, ainda que estivessem dispostos a pagar por isso.
Hoje, o cenário mudou e as montadoras já demonstram estar atentas a esse anseio do consumidor. É o caso da Fiat, que oferece uma tecnologia de interação entre o veículo e o smartphone do usuário, o Live On, para uma versão do compacto Mobi e todas do Uno.
“Após baixar um aplicativo da própria Fiat, o usuário pode integrar o seu aparelho celular ao automóvel”, afirmou ao DCI o gerente de marketing da montadora, Adriano Resende.
Além da interação com aplicativos básicos do smartphone como de música, por exemplo, o executivo explica que há ferramentas que permitem desde o monitoramento do consumo de combustível em tempo real até achar a vaga de estacionamento que o usuário parou.
No entanto, o Live On só pode ser adquirido pela compra de pacote. Resende estima que o preço da tecnologia gire em torno de R$ 1,450 mil, apesar de não ser vendido isoladamente.
“Acreditamos que 40% das nossas vendas já devam vir com o Live On. Mas a tendência é que daqui a alguns anos essa tecnologia esteja em todos os veículos. É um caminho sem volta”, pondera o executivo.
Ferramenta similar a da Fiat é oferecida pela Ford, o chamado My Dock. Disponível no catálogo de entrada do compacto Ka, o dispositivo também acomoda o smartphone no painel do carro e se integra ao aparelho celular do usuário.
“Oferecemos acessibilidade e tecnologia sem onerar tanto o consumidor”, garante o gerente de marketing da Ford do Brasil, Fernando Pfeiffer. Ao baixar o aplicativo da empresa, o usuário conecta o smartphone ao veículo e utiliza diversas ferramentas, que incluem música e mapas.
“O cliente exige cada vez mais convergência e o Ka veio na vanguarda do mercado brasileiro”, assegura o executivo.
Além do My Dock, a Ford oferece o dispositivo Sync a partir do segundo catálogo do Ka, que liga automaticamente para o serviço de emergência em caso de acidente com maior gravidade.
“Com o novo patamar de preços dos automóveis no País, o consumidor está mais exigente e criterioso”, avalia. Ele acrescenta que a estratégia é tornar a Ford uma empresa de mobilidade e conectividade. “Se conseguirmos liderar nestes quesitos, conseguiremos fidelizar o cliente.”
Multimídia
A Volkswagen oferece nos compactos Gol e Fox a possibilidade de adquirir o chamado App-Connect, que reúne os sistemas “MirrorLink”, “Carplay” (compatível com o sistema Apple) e também “Android Auto”.
Segundo a VW, estas plataformas proporcionam a reprodução e operação do telefone celular diretamente na tela do veículo como se fosse um espelho. “Fomos a primeira montadora a oferecer essa possibilidade em modelos de entrada”, destaca o supervisor de marketing de produto da Volkswagen do Brasil, Joas Fritz.
O custo do App-Connect no caso do Gol, de acordo com a montadora, é de R$ 2,540 mil – no pacote que inclui navegação via satélite. Já na versão mais simples (Mirror Link), o preço de aquisição é de R$ 1,190 mil.
“Ressaltamos que todo o conteúdo disponível pela ferramenta não interfere na segurança do motorista.” Já para o up!, modelo de entrada da Volkswagen no País, o App-Conect não está disponível.
“A plataforma é outra”, justifica Fritz. Ele assegura, entretanto, que a montadora tem pesquisado constantemente o que o brasileiro quer nos automóveis. “Nós conseguimos oferecer o App-Conect a um preço competitivo”, comenta.
Ele acredita que esse tipo de tecnologia possa vir de série nos modelos básicos de entrada da Volkswagen no futuro. “Mas isso vai depender da demanda do mercado”, condiciona.
Evolução
Além da interação com o smartphone em toda a gama de produtos das montadoras, o que ainda não é uma realidade total no Brasil, o próximo passo deve ser a conexão do veículo com a rede de serviços da empresa.
Fritz conta que, na Europa, já existe uma tecnologia, o Car-Net, que além de entretenimento, aponta necessidades do veículo como troca de óleo iminente, por exemplo. “O futuro da Volkswagen será oferecer serviços mais conectados.”
Pfeiffer, da Ford, pontua que em breve a montadora poderá realizar diagnósticos para o consumidor através da conectividade. “Vamos utilizar a inteligência artificial para monitorar os automóveis.” Mas por enquanto, especialmente no segmento de entrada, o brasileiro ainda terá que desembolsar quantias importantes para se conectar ao seu veículo. (DCI/Juliana Estigarríbia)