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O setor de máquinas e equipamentos caminha para o quarto ano seguido de queda nas vendas em 2017. O faturamento este ano deve recuar 25% sobre 2015, numa sequência de três quedas, reafirmou ontem a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
“Se tivermos taxa de juros declinantes, câmbio positivo [para o setor] e obras de infraestrutura, pode ser que melhore. Mas se não tivermos, nosso crescimento no ano que vem pode ser zero ou queda”, afirmou para jornalistas o presidente da Abimaq, João Carlos Marchesan.
A receita líquida total do setor voltou a cair em outubro, para R$ 5,08 bilhões – baixa de 22% frente ao mesmo mês de 2015. Nos dez meses do ano, a receita acumulada chega a R$ 55,85 bilhões, perda de 26% ante igual intervalo do ano passado. Já a receita líquida interna apresenta queda mais intensa (-24,2%), somando R$ 3,16 bilhões em outubro. No ano, a retração acumulada foi de 38,3%, para R$ 32,69 bilhões. Já o consumo aparente teve recuo de 33,9% em outubro para R$ 7,21 bilhões e 26,4% para R$ 86,48 bilhões na mesma base de comparação.
Balança comercial
O déficit na balança comercial do setor diminui 41,8% em outubro, para US$ 512,33 milhões. No acumulado do ano, o saldo negativo é de US$ 6,74 bilhões, 32% menor no confronto a 2015.
Segundo Marchesan, a retomada das exportações depende da desvalorização do real frente ao dólar. “Temos visto o comportamento do governo em segurar o dólar na faixa dos R$ 3,40, mas precisamos de pelo menos R$ 3,75 para voltar a ser forte em exportações”.
De acordo com a Abimaq, o embarque de máquinas e equipamentos aumentou 3,9% em outubro, chegando a US$ 601,33 milhões. De janeiro a outubro, as exportações saltaram 1,3%, a US$ 6,51 bilhões.
Já as importações caíram 23,6% no décimo mês do ano, a US$ 1,11 bilhão. De janeiro a outubro, a entrada desses produtos no País cedeu em menor proporção, com queda de 18,9% no confronto anual para US$ 13,25 bilhões.
“O curto período de desvalorização do real trouxe relativo ganho de competitividade ao produtor nacional, mas não viabilizou reposição de margem. Os preços das máquinas e equipamentos continuam variando abaixo dos preços dos insumos de produção”, destacou ele.
Após a divulgação do balanço, o diretor de competitividade da Abimaq, Mario Bernardini comentou que a possibilidade de extensão do Repetro, regime especial aduaneiro para exportações e importações no setor de óleo e gás, pelo governo para os próximos 20 anos preocupa, mas a entidade dá como perdida a briga para evitar a renovação.
“É quase certo que o Repetro será renovado e, embora a princípio a Abimaq fosse contra os regimes especiais no País, queremos sugerir melhorias. Para ser um regime que conceda redução de impostos, mas sem privilegiar o [produto] importado sobre o nacional”, observou Bernardini.
O segmento de máquinas para petróleo e energia renovável apresentou a maior queda nas exportações em outubro (-54,8%) e no acumulado do ano (-53,6%). O recuo foi atribuído a falta de financiamento à exportação do setor. (DCI/Jéssica Kruckenfellner)