Frota & Cia
A Volvo apresentou em Curitiba, os primeiros resultados dos testes de demonstração do ônibus elétrico híbrido, com recarga no ponto de parada, que desde agosto último opera em regime experimental na linha Juvevê-Água Verde, na capital do Paraná.
Para efeito de comparação, a montadora avaliou três ônibus que circulam na mesma linha, em iguais condições de tráfego e de passageiros. Os veículos vêm equipados com diferentes tecnologias, incluindo um modelo a diesel Euro III, um outro na versão híbrida diesel-elétrica, com baterias carregadas com a energia das frenagens e o último, o híbrido de segunda geração com carregamento no ponto. Os testes demonstram que o veículo experimental está operando 55% do tempo no modo 100% elétrico, consome 65% menos combustível que o modelo convencional a diesel e 30% menos que híbrido convencional de primeira geração.
“É um resultado ótimo, considerando que a linha tem 22,5 quilômetros e apenas uma estação de recarga. O ideal para a operação do elétrico híbrido é ter uma estação de recarga da bateria a cada 10 quilômetros. Por ser uma demonstração, só temos uma estação instalada no trajeto”, explica Renan Schepanski, engenheiro de vendas da Volvo Bus Latin America. Os testes em Curitiba apontam, ainda, que o elétrico híbrido, ao longo de um ano de operação, consumiria 15 mil litros a menos de combustível que um ônibus movido a diesel, mesmo sem as condições ideias de recarga a cada 10 quilômetros. Considerando o valor do diesel a R$ 3,00, a economia chega a R$ 45 mil em um ano.
O impacto da redução do consumo de combustível na emissão de poluentes no período de testes, de agosto a outubro, também foi objeto de avaliação. O modelo emite 55% menos CO2, 540% menos NOX e 1.500% menos material particulado (fumaça preta) que o modelo a diesel com tecnologia Euro 3 que circula na mesma linha. Já o híbrido, emite 26% menos CO2, 430% menos NOX, e 700% menos material particulado que o onibus movido a diesel. “Se considerarmos o um ano de operação, o elétrico híbrido deixa de emitir 30 toneladas de dióxido de carbono quando comparado ao veículo movido a diesel”, destaca Schepanski.
Para Roberto Gregorio da Silva Junior, presidente da URBS, operadora do sistema de transporte público de Curitiba, a eletromobilidade vem se mostrando como uma solução de futuro, não apenas para Curitiba como inúmeras outras cidades do mundo. “Por esse motivo lançamos um edital de “Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), para a implantação e operação de linhas de transporte público movido a eletricidade na cidade. A ideia inicial prevê a implantação de quatro linhas já determinadas, e uma quinta linha que poderá ser sugerida pelas empresas”, explica Gregório. Ele admite que o maior desafio é a questão do financiamento, já que esse tipo de veículo ainda tem um custo bastante superior aos ônibus convencionais movidos a diesel. “Temos de buscar dinheiro novo para isso, já que o momento econômico brasileiro não permite pensar em subsídios públicos e o modelo tradicional, onde o usuário paga 100% do serviço, também se mostra inviável”. Na visão do especialista, a saída pode estar em duas frentes: redirecionar parte da CIDE dos combustíveis para o transporte público ou tornar obrigatório o vale transporte para todas as empresas.
Enquanto isso não acontece, o presidente da Volvo Bus Latin America, Fabiano Todeschini, aposta nas soluções oferecidas pela empresa, voltadas para a eletromobilidade. “O desafio da indústria automotiva é ter veículos que sejam viáveis não apenas do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista econômico. As nossas soluções são sustentáveis tanto no aspecto ambiental quanto no econômico. A tecnologia ainda é cara, mas a redução de gastos com combustível e manutenções, tornam o custo equivalente ao de um veículo movido a diesel no longo prazo, considerando seu período de vida útil”, garante Fabiano. (Frota & Cia)