Reuters
As siderúrgicas do Brasil tiveram em setembro a primeira alta de produção sobre o mesmo mês do ano anterior desde junho de 2015, com a entidade que representa o setor vendo que o pior da crise vivida pela indústria no país passou, apesar de não ser possível estimar o momento de uma retomada efetiva da atividade.
A produção de setembro somou 2,578 milhões de toneladas, crescimento de 3,1% sobre o mesmo mês do ano passado, mas uma queda de 6,8% no comparativo com agosto.
As vendas no mercado interno ficaram perto da estabilidade, recuando 1,33% sobre um ano antes, a 1,468 milhão de toneladas. Sobre agosto houve queda de 0,8%.
“A intensidade da queda dos indicadores do setor vem diminuindo. Não dá para dizer que chegamos ao ponto de inflexão, mas pela reação que observo nas curvas dos índices, dá para dizer que o pior provavelmente já passou”, disse o presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes.
Segundo ele, o setor está operando atualmente com uso de 60% da capacidade de 48,9 milhões de toneladas de aço bruto por ano, mas com o esperado crescimento da economia em 2017, essa taxa deve avançar a “no mínimo 75% a 80%”.
O IABr divulgou no início de junho que esperava para este ano queda de 14,4% no consumo aparente de aço no país, indicador que considera vendas internas da liga e importações.
No acumulado até setembro, o consumo mostra retração de 19%. Apesar disso, Lopes afirmou que há cinco meses os indicadores do setor têm mostrado redução consistente na intensidade de retração. “Certamente, para 2017, a gente imagina que vamos ter condições de crescer”, acrescentou Lopes.
A indústria tem convivido em um ambiente de intensa competição comercial internacional por conta do excesso de oferta da China e mais recentemente tem visto aumento na rivalidade externa pela imposição pelos Estados Unidos de sobretaxas às exportações de aço laminado brasileiro.
Lopes, que há 10 dias estava em evento da indústria mundial de aço em Dubai, comentou que a indústria latino-americana deverá discutir a questão na próxima semana no Rio de Janeiro, durante o fórum da Associação Latino-Americana de Aço (Alacero).
O setor também deve debater o reconhecimento da China como economia de mercado pela Organização Mundial de Comércio (OMC). A decisão, marcada para 12 de dezembro, pode dificultar a formulação de casos de violação de regras de comércio apresentados contra a China.
“Caso a China seja reconhecida como economia de mercado, a inundação (de aço chinês) que já existe na América Latina vai ser potencializada”, disse Lopes, citando que o governo brasileiro tem sido mais ativo na defesa comercial do país.
Em setembro, as exportações brasileiras de produtos siderúrgicos caíram 13,1% sobre um ano antes, a 1,346 milhão de toneladas. Em valores, houve queda de 8,9%, a 620 milhões de dólares, segundo dados do IABr.
Já as importações tiveram baixa de 8,2% na comparação anual, a cerca de 206 mil toneladas. Em dólares, houve queda de 15,7%, para 158 milhões. (Reuters)