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As dificuldades enfrentadas pelo mercado automotivo para elevar os níveis de emplacamentos já bateram às portas das concessionárias. De janeiro de 2015 a março deste ano, a rede de distribuição encolheu em aproximadamente 1.727 concessionárias.
O dado está para ser atualizado porque muitas baixas ainda não foram computadas nas juntas comerciais, informou nesta quarta-feira (5) o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Jr.
“Até o final de 2016, esse número pode mudar”, pontuou o dirigente. Em contrapartida, houve a abertura de 470 concessionárias no País, o que resulta em um saldo de 1.257 pontos em operação.
De acordo com a Fenabrave, a rede de distribuição registrou 124 mil demissões de janeiro do ano passado até março deste ano. “Empregamos três vezes mais do que as montadoras”, pondera Assumpção Jr. Ele destaca que, atualmente, são 380 mil funcionários na rede.
Na conta da entidade, os estoques do setor somam 125 mil veículos (de leves a pesados) e aproximadamente 80% desse volume estão nas concessionárias. “A alta taxa de desemprego e o consequente aperto do crédito continuam impactando as vendas”, pontua o dirigente.
Assumpção conta que o nível de aprovação de financiamentos de automóveis e comerciais leves gira em torno de 30%. “O crédito ainda está muito restrito por conta do alto nível de desemprego.”
No acumulado até setembro, as vendas de automóveis e comerciais leves somaram 1,45 milhão de unidades, queda de 22,4% em relação a igual período do ano passado. Na mesma base de comparação, os emplacamentos totais – que incluem ônibus e caminhões – tiveram retração de 22,7%, para 1,50 milhão de unidades.
Ao isolar os dados de caminhões, a queda acumulada no ano é de 30,5% na comparação com igual intervalo de 2015. “Os estoques do segmento estão em 85 dias, o que é muito alto”, diz Assumpção Jr.
Revisão
Diante do cenário, a Fenabrave revisou a projeção de emplacamentos para automóveis e comerciais leves neste ano. Anteriormente a entidade projetava uma queda de 18% em 2016, mas agora a previsão é de retração acumulada de 19,5%.
“Só devemos ter um crescimento, ainda que modesto, no início de 2017”, estima Assumpção Jr. Ele avalia que o setor automotivo ainda deve ver os reflexos dos altos níveis de desemprego e do aperto do crédito até o final deste ano.
“A faixa da população que consome os maiores volumes de veículos ainda depende de crédito, que está restrito devido ao desemprego”, comenta.
No entanto, a entidade se mostra mais otimista em relação ao desempenho do setor. “Ao menos a queda das vendas já demonstra sinais de desaceleração”, diz Assumpção Jr. (DCI/Juliana Estigarríbia)