O Estado de S. Paulo
Em campanha salarial, os operários da Volvo paralisaram nesta terça-feira, 4, a produção na fábrica da montadora no Paraná em protesto contra a proposta da empresa que prevê correção dos vencimentos por apenas metade da inflação. A reivindicação dos trabalhadores, a exemplo de acordos feitos com outras empresas da região, é por um aumento de 9,62%, o equivalente à reposição de toda a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em doze meses até a setembro, data-base de revisão salarial na Volvo.
Uma nova assembleia na porta da fábrica está marcada para esta quarta-feira, às 7 horas, para definir os rumos do movimento. Ontem, os operários já tinham paralisado as linhas de produção da montadora por duas horas, levando a multinacional de origem sueca a estender o expediente por uma hora, o que também foi alvo de protesto dos trabalhadores. Segundo o sindicato dos metalúrgicos da região, a realização de hora extra teria que ter sido avisada com 48 horas de antecedência, conforme previsto no acordo coletivo.
Entre produção e departamentos administrativos, cerca de 3,2 mil pessoas trabalham na fábrica da Volvo, que produz caminhões e ônibus numa zona industrial de Curitiba. Por conta da grave crise enfrentada pela indústria de veículos comerciais, onde a ociosidade passa de 70%, a montadora fechou nos últimos dois anos um dos dois turnos de produção e eliminou mais de 700 vagas – a maioria, cerca de 500, por meio de um programa de demissão voluntária (PDV) realizado em 2015.
Em maio, a empresa fechou acordo com o sindicato para abrir um novo PDV, que segue aberto até 5 de dezembro com o objetivo de reduzir um excesso de mão de obra estimado em 400 trabalhadores.
Números preliminares mostram que o mercado de caminhões continuou em queda livre no mês passado, quando as vendas, de 4,1 mil unidades, encolheram em 30,1% na comparação com setembro de 2015 e 5,8% em relação a agosto. O balanço consolidado do mês será divulgado amanhã pela Fenabrave, a entidade que abriga as concessionárias de veículos. (O Estado de S. Paulo/Eduardo Laguna)