Mercedes C 180 nacional entra na onda do turboflex

UOL Carros

 

A Mercedes-Benz já havia lançado seu motor 1.6 turboflex em junho de 2015, para modelos da família Classe A. Desde aquela época sabia-se que o Classe C também ganharia configuração bicombustível, mas a estreia foi deixada para depois de a produção ser nacionalizada.

 

Em julho deste ano o Classe C flex nacional enfim se tornou realidade. Oferecido só na versão de entrada C 180 – único a ser empurrado pelo propulsor de 1,6 litro turbocomprimido -, o três-volumes apto a beber tanto gasolina quanto etanol já está nas lojas por R$ 148.900.

 

“Escolhemos o C 180 porque é a versão mais vendida da gama”, explicou Evandro Bastos, gerente de marketing da marca, durante o lançamento. Segundo a fabricante, o C 180 corresponde a 54% das vendas do produto, contra 30% da intermediária C 200 e 15% da C 250, ambas munidas de motor 2.0 a gasolina.

 

A chegada do Classe C flexível foi tratada de forma muito discreta, desde a apresentação – feita em cerimônia simples – até a ausência de uma insígnia indicativa da tecnologia na carroceria do carro, passando pelo fato de que a configuração conviverá por algum tempo com o C 180 movido apenas a gasolina.

 

É uma tática para dar ao cliente maior liberdade de escolha e permitir que best seller da Mercedes enfim assuma a liderança do segmento de sedãs médios de luxo – após os sete primeiros meses de 2016 ele emplacou pouco menos do que o BMW Série 3 (2.093 contra 2.132 unidades).

 

O que o Classe C turboflex tem

 

Por ser o veículo de entrada da gama, o C 180 tem lista de equipamento relativamente módica – para um carro de luxo – do ponto de vista de conforto, embora já conte com algumas tecnologias mais avançadas de segurança.

 

De série o sedã traz: controles de estabilidade e tração com distribuição eletrônica de torque; auxílio à partida em rampas; assistências à frenagem de emergência; piloto automático com limitador de velocidade e assistente de fadiga.

 

Por dentro o motorista tem à disposição: partida do motor por botão com função start-stop (desligamento automático durante períodos de imobilidade); sete airbags – frontais, laterais, de cortina e joelho (este último só para o motorista); direção elétrica progressiva; ar-condicionado automático digital de duas zonas; sensores de luminosidade e chuva; sistema multimídia com conectividade básica via Bluetooth, cabo USB, navegação GPS, toca-CD e comandos via touchpad no console central; e ganchos para cadeirinhas infantis na fileira traseira.

 

Motor, conforme mencionado, é o 1.6 bicombustível de 156 cv e 25,5 kgfm. Dados de potência e torque são iguais com qualquer combustível. Transmissão automática 7G-Tronic, de sete marchas, faróis integralmente em LED e rodas de liga leve aro 17, calçadas por pneus verdes, completam o pacote.

 

As ausências mais sentidas por UOL Carros são as dos bancos e coluna de direção com ajustes elétricos (algo que um automóvel de quase R$ 150 mil já poderia trazer) e – esta uma falta inadmissível para um modelo de segmento superior – sensores de estacionamento, inexistentes mesmo na parte traseira.

 

Qualidade do acabamento é digna de um Mercedez-Benz: materiais suaves ao toque, metal escovado, tapetes aveludados e soleiras em metal escovado com a insígnia e o nome da marca conferem charme e elegância ao interior.

 

O que muda no motor e como anda

 

Não vá esperando qualquer tipo de esportividade do C 180 nacional, embora os cinco modos de condução, incluindo “Sport” e “Sport+” sugiram isso. A força do motor, idêntica para os dois tipos de combustível, é suficiente para empurrar os 1.425 quilos do sedã de maneira honesta – especialmente porque os 25,5 kgfm surgem logo a 1.200 giros -, mas não mais do que isso.

 

O mais importante é saber que o propulsor está tão linear e agradável quanto na configuração só a gasolina. Em avaliação de 220 quilômetros de UOL Carros foram mesclados tanto o derivado do petróleo quanto etanol no tanque, sem qualquer tipo de mudança no comportamento.

 

Item que gerou problemas ao Série 3 ActiveFlex em seu lançamento, o sistema start-stop (que desliga automaticamente o motor em períodos breves de imobilidade, a fim de economizar combustível) funcionou normalmente.

 

Para chegar a tal resultado a Mercedes mudou muita coisa no projeto: tanque e galerias de fluxo do combustível ganharam reforços nas camadas anticorrosão (já que o etanol possui teor oxidante maior), assim como aumentou a capacidade de vazão do próprio tanque e também do bico injetor (injeção direta e eletronicamente comandada). Centralina foi reprogramada e as válvulas do cabeçote, reforçadas para aguentar temperaturas mais altas.

 

O Classe C flex dispensa tanquinho para partida a frio e até mesmo as flautas pré-aquecedoras no cabeçote, por meio de controle eletrônico capaz de aumentar ou reduzir a pressão da injeção direta. No teste de UOL Carros, com os dois combustíveis misturados e em uso predominantemente urbano, o sedã obteve média de 8,1 km/l. No programa de etiquetagem do Inmetro ele possui nota A para o segmento e B no geral.

 

Ah, sim! A Mercedes recomenda que os proprietários do modelo utilizem somente gasolina aditivada, com opção de escolher entre etanol aditivado ou comum. Afinal, ainda estamos falando de um carro de luxo… (UOL Carros/Leonardo Felix)