Avanço do carro elétrico é mais rápido do que se imaginava

The Street Journal

 

Em 2015, somente cerca de um em cada 150 carros vendidos nos Estados Unidos tinha uma tomada e uma bateria. Mas a adoção em massa dos veículos elétricos está a caminhoe vai chegar muito antes do que as pessoas imaginam. O motivo, em parte, é que veículos elétricos são dispositivos e mudanças tecnológicas em dispositivos são rápidas.

 

Um grande salto está nas baterias. Um veículo elétrico típico hoje custa US$ 30 mil nos EUA e tem uma autonomia de, no máximo, 160 quilômetros por carga. Dentro de um ano, os veículos vão poder percorrer o dobro desta distância e custar apenas um pouco mais.

 

A montadora Tesla Motors Inc. é a porta­estandarte, prometendo o Model 3, um veículo concebido para atrair as massas a um preço de US$ 35 mil, sem incentivos, e uma autonomia de mais de 320 quilômetros. Em comparação, o preço de um carro novo típico nos EUA hoje gira em torno de US$ 33 mil.

 

A concorrência entre veículos elétricos e híbridos será acirrada e acabará derrubando os preços finais.

 

Mas a Tela está longe de ser a única. No fim do ano, a Chevrolet lança o Bolt EV por US$ 37.500. Ele também terá autonomia de mais de 320 quilômetros, que parece ser a nova meta das fabricantes para acabar com “a fobia do alcance” ­ medo de o veículo ficar sem energia no caminho ­ de potenciais compradores de carros elétricos.

 

E isso é apenas o começo. Pasquale Romano, diretor­presidente da ChargePoint Inc., a maior fabricante mundial de estações de carga para carros elétricos, diz que trabalha e conversa com a maioria das montadoras. “Temos visto planos internos para simplesmente eletrificar tudo”, diz ele.

 

No curto prazo, muitos desses carros serão híbridos “plug­in” (carregados na tomada), com motores movidos a eletricidade e a gasolina. Faz sentido juntá­los, já que a maioria dos novos modelos tem autonomia suficiente para a distância média percorrida pelo americano para chegar ao trabalho e voltar sem usar gasolina.

 

Steve Majoros, diretor de marketing da unidade Chevrolet, que faz parte da General Motors Co., diz que 90% das viagens feitas com o híbrido elétrico Volt usaram só a eletricidade. Em quilômetros rodados, a proporção é de 65%. O Volt pode percorrer 85 quilômetros com uma carga.

 

Todo carro híbrido elétrico é, basicamente, um carro elétrico que carrega um “ampliador de alcance” por segurança. Eles ajudarão a eletrificar uma grande fatia dos quilômetros rodados por carros americanos. Também vão facilitar a adoção de carros elétricos pelos consumidores, superando qualquer receio remanescente de ficar sem combustível no meio da jornada.

A concorrência entre veículos elétricos e híbridos será acirrada e derrubará preços. A Volkswagen AG prometeu transformar todos os seus modelos em híbridos plug­in até 2025. A BMW AG fez a mesma promessa. Já a Hyundai Motor Co. prometeu oito modelos híbridos até 2020, mais dois modelos totalmente elétricos. O Prius reformulado da Toyota Motor Corp., que dobrou seu alcance, chegará ao mercado ainda neste ano.

 

Outra tendência vai ajudar: a proliferação de estações de recarga. A ChargePoint informou, no domingo, que sua rede possui 30 mil estações onde os proprietários de carros elétricos podem recarregar as baterias. Em comparação, há cerca de 90 mil postos de gasolina acessíveis ao público nos EUA, diz Mike Fox, diretor executivo das Concessionárias de Gasolina e Serviços Automotivos da América.

 

O número de estações de recarga comerciais está crescendo rapidamente e uma das razões é que eles são relativamente baratos ­ custando entre US$ 3 mil e US$ 7,5 mil por ponto de carga, dependendo se é uma nova construção ou uma instalação adaptada. Quando ligadas a um negócio, as estações podem atrair consumidores e incentivá­los a passar um tempo maior e gastar mais no local.

 

A Hy­Vee Inc., rede de 241 supermercados que atende oito Estados na região do Meio­Oeste americano, instalou estações de recarga em todas as suas lojas novas, possuindo agora quatro carregadores em todas as 42 lojas. O tempo de recarga para os carros elétricos varia bastante, dependendo da estação e do fabricante do carro, mas normalmente demora entre meia hora e uma hora para se obter uma carga razoável. Convenientemente, este é mais ou menos o tempo que se leva para fazer uma refeição, diz John Brehm, diretor de planejamento de lojas da Hy­Vee.

 

Instalar estações de recarga em locais de trabalho, onde os carros passam grande parte do tempo, também será importante. Quando uma empresa instala uma estação de recarga no local de trabalho, os empregados ficam 20 vezes mais propensos a comprar um carro híbrido ou elétrico, segundo pesquisa do Departamento de Energia dos EUA.

 

Os motoristas não vão migrar para os carros elétricos tão rapidamente como fizeram com os smartphones. O americano fica com seu carro por uma média de onze anos. Para a maioria das pessoas, contudo, quando chegar o momento de trocar de carro, haverá um leque de veículos plug­in disponíveis a preços comparáveis com o dos automóveis a gasolina. E isso não leva em conta as projetadas economias com combustível ou manutenção, uma vez que os veículos elétricos têm muito menos peças móveis.

 

É da natureza das revoluções tecnológicas dar a impressão de que nada está mudando ­ até parecer que tudo mudou de uma vez. Os veículos elétricos estão há muito tempo a caminho, mas hoje eles representam uma ameaça tão real e imediata ao motor a gasolina que Fox, da associação de postos de gasolina, agora recomenda que seus membros assinem contratos de longo prazo para combustível que incluam uma opção de renegociação caso mais de 10% da frota estadual migre para a eletricidade.

 

Se a Tesla cumprir as promessas em relação ao Modelo 3, diz Fox, “veículos à gasolina serão história ­ junto com cavalos e charretes”. (The Street Journal/Christopher Mims)