Reuters
As vendas de gasolina no Brasil estão se recuperando neste ano devido ao ganho de competitividade em relação ao etanol hidratado para veículos flex, mas a demanda por combustíveis no país permanece em baixa, pressionada principalmente pelo recuo no consumo de diesel, diante da pior recessão econômica em décadas e da queda da renda das famílias.
Dados publicados nesta quarta-feira pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontaram uma alta de 2% nas vendas acumuladas de gasolina em 2016 até julho, para 153 milhões de barris.
Entretanto, na mesma comparação, as vendas de etanol hidratado despencaram 14%, para 53,7 milhões de barris, após terem registrado vendas recordes em 2015.
Amaryllis Romano, analista de agropecuária e biocombustíveis da Tendências Consultoria, destacou que as vendas de etanol e gasolina somadas serão piores neste ano ante 2015, refletindo o cenário de queda na renda das famílias.
“A renda já estava ruim no ano passado, mas você tinha um combustível (o etanol) que estava mais barato”, explicou a especialista.
No ano passado, o preço médio do etanol passou grande parte do ano mais favorável do que o da gasolina em grande parte do país, invertendo a relação apenas no fim do ano, explicou Amaryllis. Já neste ano a competitividade do etanol apenas começou a se recuperar após o início da safra.
Em julho, as vendas da gasolina subiram 0,6% em relação ao mesmo mês de 2015, para 21,6 milhões de barris, enquanto as vendas de etanol hidratado caíram 15%.
Já as vendas de óleo diesel, importante termômetro para a economia do país acumulam queda de 5% neste ano até julho, ante o mesmo período do ano passado, para 197,3 milhões de barris. Em julho, a comercialização do combustível fóssil caiu também cerca de 5%, para 29,5 milhões de barris.
A queda acentuada do diesel contribuiu com o recuo das vendas no Brasil de todos combustíveis somados, uma vez que é o combustível mais comercializado do país.
No acumulado até julho, as vendas de todos os combustíveis caíram 4,8%, para 490,3 milhões de barris ante o mesmo período de 2015.
No mês passado, as vendas dos combustíveis caíram 6% em comparação com julho do ano passado. (Reuters/Marta Nogueira)