Carsale
Quem já comprou um automóvel deve ter passado pelo dilema que dá título a esta coluna. Mas, afinal, há uma forma de pagamento que seja mesmo melhor do que outras?
Como quase tudo na vida, a melhor forma de pagamento na hora de trocar de carro é aquela que VOCÊ considerar a mais adequada para sua realidade. Em outras palavras, é preciso conhecer – e respeitar – suas possibilidades, além de entender suas necessidades, para optar por algo que não comprometa sua renda ou que descapitalize você por muito tempo.
Hoje temos no mercado basicamente três formas de pagamento para a aquisição de veículos. Vou explicar melhor cada uma e mostrar para quem elas são ou não indicadas.
Consórcio
O consorciado integra um grupo de pessoas (física ou jurídica) com o mesmo interesse de compra. Todos os participantes desse grupo pagam parcelas mensais durante um prazo estabelecido. Essas parcelas servem para contemplar um pequeno número de pessoas todos os meses.
Todos os participantes serão contemplados no decorrer do tempo, mas ninguém sabe quando isso acontecerá. Pode ser no primeiro mês, mas também no último, em forma de sorteio e lance. O sorteio, como o próprio nome diz, depende da sorte. Já o lance é um valor que o consorciado pode ofertar para retirar o bem. Para isso, entretanto, seu lance precisa estar entre os mais altos, e o grupo deve ter caixa para pagar.
Quem cuida desse grupo de pessoas é uma administradora, que deve estar regularizada no Banco Central. O consorciado não paga juros, mas sim uma taxa administrativa, diluída em todas as parcelas. Essa taxa é bem menor que a de um financiamento, e aqui está a principal vantagem do consórcio: financiar um bem sem pagar juros.
Sou parceiro de uma das maiores administradoras de consórcio do país, mas só indico clientes que sei terem o perfil para a modalidade. Como meu objetivo é procurar ou avaliar um carro para esse cliente, não faz sentido indicar algo que não vá atender sua necessidade.
No meu canal do YouTube, você encontra um vídeo, de 2013, no qual explico a modalidade em detalhes e dou dicas para escolher um bom consórcio.
Para quem é bom?
Para mim, o consórcio só é bom para quem não tem pressa em retirar o bem ou para quem tem um bom valor para dar de lance. Quando digo “bom valor”, falo em pelo menos 50% do valor da carta de crédito – e, mesmo assim, sem garantia alguma de que será contemplado.
Para consórcios com lance embutido, esse valor pode aumentar na mesma proporção do “benefício”.
Para quem não é bom?
Para quem tem pressa e precisa do carro com urgência. Não caia na conversa do gerente do seu banco, que fala que vai te colocar num grupo com lances baixos e que você vai conseguir contemplar uma carta de R$ 50 mil dando apenas R$ 10 mil de lance. Isso não existe!
Se você tem pressa, mas não tem dinheiro para pagar à vista, entre num financiamento. O consórcio também não serve para quem tem restrições financeiras atreladas ao nome. Na verdade, essas pessoas até conseguem entrar em um grupo, já que são credoras. Mas, depois de contempladas, não poderão retirar o bem, porque passarão a ser devedoras.
Financiamento
Nessa modalidade, quem compra o carro é uma instituição financeira, que vai cobrar parcelas mensais pela aquisição.
O carro pode ficar no seu nome (CDC) ou no nome da instituição (Leasing), mas ele será a garantia de que você vai pagar as parcelas.
O valor da parcela é composto por amortização e juros. Ou seja, uma parte amortiza sua dívida, enquanto a outra são os juros cobrados pelo empréstimo feito. É aqui que o bicho pega! O Brasil tem uma das maiores taxas de juros do mundo. É comum ouvirmos que, no financiamento, compramos um carro e pagamos dois. Mesmo assim, trata-se de uma modalidade muito procurada, justamente porque atende a necessidade de diversos perfis de clientes.
Para quem é bom?
Se o consórcio não serve para o apressado, o financiamento é a solução para resolver essa questão. Só considere escolher um carro cujo valor das parcelas caiba no seu bolso. É comum ouvirmos que a parcela não deve comprometer 30% da renda. Não concordo. Quem pode determinar se esse percentual é mesmo bom ou não para você?
Pode ser que você more com seus pais e não tenha nenhuma outra despesa. Assim, poderia destinar 50% ou 70% da sua renda, se quisesse, para pagar a parcela do financiamento. Por outro lado, você pode ser chefe de família, possuir diversos compromissos financeiros e não ter disponível sequer 10% do salário para pagar a parcela de um carro. Portanto, a definição é sua, baseada em cálculos que deverá fazer por conta própria.
Para quem não é bom?
Para quem tem dinheiro para comprar à vista, mas quer algo mais caro do que pode pagar. Se você tem R$ 20 mil, compre um carro usado de R$ 20 mil, em vez de se endividar para comprar um de R$ 40 mil. Guarde o dinheiro que pagaria na parcela para poder comprar um carro melhor, à vista, no futuro.
À vista
Aqui não é preciso dar muita explicação. Trata-se da forma mais simples de comprar um carro sem depender de alguém para financiar a aquisição.
Para quem é bom?
Para quem pode dispor dos recursos sem se descapitalizar. Quando digo isso, significa que para você comprar um carro de R$ 50 mil, não basta ter somente os R$ 50 mil. É melhor comprar um veículo mais barato e ficar com uma reserva financeira para outras despesas.
Para quem não é bom?
Para quem tem o dinheiro, mas não quer se descapitalizar. Neste caso, é melhor entrar num consórcio, dar um bom lance e comprar o carro sem pagar juros.
Para concluir, lembre-se apenas que o gerente do seu banco sempre vai defender a modalidade que for boa para ele – e para a instituição financeira. Portanto, faça suas contas e veja o que é bom para você. (Carsale/Felipe Carvalho)