CEO da Mercedes-Benz evita falar de cortes

DCI/Agência Estado

 

O CEO da Mercedes-Benz no Brasil, Phillip Scheimer, não pode prever uma recuperação do setor automotivo. Para ele, a mudança de cenário não ocorrerá nos próximos meses, pois deverá obrigatoriamente ser precedida da queda nos juros e da melhora nas perspectivas gerais da economia.

 

“Tendo financiamento mais barato e acessível para as empresas podemos ter um crescimento”, disse ontem ao chegar à Câmara Brasil-Alemanha em Porto Alegre (RS).

 

Scheimer evitou comentar os problemas enfrentados pela unidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que suspendeu a produção de caminhões e ônibus e começou a demitir trabalhadores. Ele disse que não falaria sobre o assunto porque a empresa está em meio a uma negociação sindical.

 

De acordo com o Sindicato de Metalúrgicos do ABC, a Mercedes insiste na necessidade de cortar 2 mil funcionários que considera excedentes. Por conta disso, os trabalhadores protestaram ontem nos arredores da planta.

 

O CEO Mercedes-Benz afirmou ainda que tanto o mercado de caminhões como o de ônibus vão amargar, este ano, uma queda que pode chegar a 40%. “Todo mundo sabe que o Brasil está passando por um momento difícil e o nosso setor é um dos que mais sofreu. Nós não achamos que isso vai se modificar nos próximos meses. Hoje principalmente os juros altos estão afetando muito os negócios. Se a gente não tiver melhora no financiamento e no crédito, vai ser difícil ter uma melhora sensível de mercado”, avaliou.

 

De acordo com Scheimer, a boa notícia é que a queda do setor parece ter estacionado. “Agora achamos um piso. A gente talvez tenha chegado ao fundo do poço. Mas por enquanto não sentimos uma recuperação”, reforçou, dizendo que não arriscaria prever quando os dias melhores virão. “Isso depende de reformas que estão se discutindo no País, que por enquanto não foram aprovadas. A gente torce para que isso aconteça, mas no momento infelizmente não podemos dar nenhuma previsão.”

 

Scheimer salientou que o mercado de ônibus está sofrendo bastante. Segundo ele, o segmento de ônibus urbanos, que foi “razoavelmente bem” no primeiro semestre, agora está parando por causa das eleições municipais, e o segmento rodoviário está “sem uma grande movimentação há muito tempo”. Além disso, ele citou que o segmento de ônibus escolares, que era promissor, acabou desaparecendo.

 

“O mercado de ônibus este ano deve ficar em 11 mil unidades aproximadamente, e três anos atrás ele era de 30 mil unidades”, disse. “Melhorando o ambiente econômico, acredito que o mercado de caminhões deve reagir primeiro”, finalizou. (DCI/Agência Estado)