Jornal do Carro
Com a abertura das importações no início dos anos 90, várias fabricantes começaram a trazer veículos para o Brasil, animadas pelas possibilidades do novo mercado. No entanto, os anos seguintes foram cruéis com quem não tinha produtos rentáveis e uma estratégia de longo prazo.
Marcas como as japonesas Mazda e Daihatsu, a italiana Alfa Romeo, a espanhola Seat, a sueca Saab, a sul-coreana Daewoo e, mais recentemente, a britânica MG e a chinesa Geely deixaram quem comprou seus produtos a ver navios com o fim das atividades por aqui. Isso teve impacto direto no valor de revenda desses carros e complicou sua manutenção por causa do fechamento de concessionárias.
A justificativa para a saída de todas tem a ver com as sucessivas mudanças no mercado brasileiro, com a consequente queda nas vendas, e crises em seus países de origem, como a que ocorreu na Coreia do Sul no fim dos anos 90, por exemplo.
A chinesa Geely é o caso mais recente de desistência – a marca deixou o País em abril. Trazida pelo mesmo representante da Kia, a marca ofereceu aqui o sedã EC7 e o hatch GC2 e culpa a instabilidade do mercado pelo fracasso. Já os carros da MG eram trazidos pela importadora Forest, que prometeu até fábrica, mas cancelou todos os planos em 2013.
Sucesso parcial. Após marcar alguma presença por aqui, a Seat, que chegou em 1995, caiu no ostracismo e saiu de cena em 2002. O hatch Ibiza e o sedã Cordoba até eram vistos nas ruas do País em quantidade razoável, mas a mecânica idêntica a de modelos da VW, dona da marca espanhola, não foi suficiente para manter o interesse dos brasileiros.
A Alfa Romeo, que pertence à Fiat e teve produção nacional (do sedã 2.300) também obteve sucesso com carros vindos da Itália após a reabertura das importações. Mas, com produtos caros de comprar e manter, a marca nos deixou em 2006. Desde então, surgem notícias de que a marca voltaria – até o chefão da Fiat, Sergio Marchionne, já confirmou o regresso. Na prática, não há datas, nem qualquer plano concreto para a volta dos belos modelos italianos.
Algumas prometem vir, mas… Muito se falou sobre a vinda de várias fabricantes de veículos ao País, mas nem todas confirmam ou mesmo concretizaram promessas repetidas exaustivamente. Há desde marcas populares, muitas vindas da China, até superluxuosas. Mas a instabilidade do mercado brasileiro e o custo para implantação de uma nova operação são apontados como os principais entraves.
É o caso de algumas divisões de luxo, como Cadillac, Acura e Infiniti. A vinda das concorrentes de nomes como BMW, Audi e Mercedes-Benz esteve em pauta durante muito tempo, mas, ao menos por ora, os planos estão em banho-maria.
Segundo informações da GM, dona da Cadillac, a perspectiva de baixos volumes de vendas não justifica o investimento para trazer a marca. Isso envolve abertura de concessionárias, treinamento de pessoal e estrutura de pós-venda.
O mesmo ocorre com a Acura, cuja controladora, a Honda, acenou com a possibilidade de vinda em 2012, mas, dois anos depois, postergou a meta. A Nissan é outra que estuda trazer sua marca de luxo, Infiniti. Unidades do sedã Q50 chegaram a ser flagradas em testes no País, inclusive em São Paulo, mas não há nada concreto.
Já a chinesa Zotye anunciou planos de construir fábrica no Brasil e tudo, mas a operação ainda engatinha. De acordo com um representante da marca, o cronograma foi atrasado em um ano por causa da crise econômica e agora a promessa envolve uma fábrica em Goianésia (GO), com início de produção em meados de 2017. A empresa informa que terá 15 lojas para vender seus elétricos no País. Quem viver, verá. (Jornal do Carro/Igor Macário)