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Tradicionalmente o mercado brasileiro recebe influência do europeu, em particular, pela preferência por modelos de menores dimensões. O Brasil, no entanto, seguiu alguns caminhos próprios ao criar dois segmentos. Um deles só existe aqui, até hoje: picapes pequenas com capacidade de carga de até 700 kg. A pioneira Fiat 147 surgiu em 1978. Outra “criação” nacional foi o SUV compacto derivado de um hatch, ou seja, com estrutura monobloco. O Ford EcoSport estreou em 2003 e só oito anos depois chegou o rival direto, Renault Duster.
O fenômeno de crescimento dos SUVs de todos os tamanhos se iniciou nos EUA. No ano passado, pela primeira vez, venderam-se mais utilitários esporte que automóveis. Na Europa, segundo dados da consultoria Jato referentes a 2015, este segmento atingiu 22,5% de participação e, também pela primeira vez, ultrapassou os compactos, que ficaram com 22%, embora automóveis continuem a dominar o cenário.
O crescimento é firme no mundo todo: de 20% de participação em 2010 para quase 28% em 2015. Utilitários avançam inclusive na China, maior mercado mundial.
Aqui, pelo menor poder aquisitivo dos compradores (SUVs são mais caros), o processo segue um ritmo próprio, porém acelerado. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, a soma de todos os utilitários esporte representou 16% das vendas de modelos de passageiros, enquanto o subsegmento de SUVs compactos foi o único a crescer em relação ao mesmo período de 2015.
A aposta da Renault
Uma das marcas que aumentou suas apostas neste ramo é a Renault. Acaba de apresentar a segunda geração do Koleos, fabricado pela Renault-Samsung na Coreia do Sul (de onde será importado sem taxas) e na China. Ele se junta ao Captur (compacto baseado no Clio IV) e ao Kadjar (médio-compacto). No lançamento mundial em Paris não anunciou o preço, pois só estará à venda na Europa no começo de 2017. A fábrica o classifica como SUV médio-grande.
Entretanto, curiosamente, indicou como rivais diretos modelos menores como Honda CR-V e Toyota RAV4 (VW Tiguan não foi citado). Ao mesmo tempo elegeu outros alvos, Kia Sorento e Hyundai Santa Fe, que são realmente médios-grandes.
A fórmula de maior espaço a preço competitivo graças a uma simplificação construtiva é bem conhecida. O Koleos agrega a isso um visual bem agradável e espaço para joelhos no banco traseiro de confortáveis 29 centímetros. Na versão de topo, o acionamento é elétrico para os dois bancos dianteiros e a tampa do porta-malas (movimento do pé por baixo do para-choque libera a abertura).
Vem recheado de equipamentos de assistência eletrônica ao motorista, e a tela tátil multimídia vertical de nove polegadas, que amplia a área de leitura de mapas.
O modelo avaliado tinha tração 4×4 sob demanda. Saiu-se bem em trecho fora de estrada graças ao vão livre de 21 cm e a bons ângulos de entrada (19°) e de saída (26°). Na estrada mostrou equilíbrio e boa dirigibilidade. Motor a gasolina, 4-cilindros, 2,5 litros e 170 cv, de origem Nissan, é áspero em acelerações fortes.
O Koleos estará no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro. A importação para o Brasil começará no final de 2016. Preço estimado de R$ 170.000, na cotação atual do euro. (UOL Carros/Fernando Calmon)