O Estado de S. Paulo
As vendas de veículos novos em julho tiveram o melhor desempenho mensal do ano, com 181,4 mil unidades, volume 5,6% maior que o de junho, mas ainda 20,3% abaixo do mesmo mês do ano passado. Foi o terceiro mês seguido de alta nos negócios em relação ao mês anterior, mas não suficiente, ainda, para que o mercado fale em recuperação consistente do setor.
No acumulado de janeiro a julho, foram vendidos 1,164 milhão de unidades, 24,7% menos que em igual período de 2015. Para o economista Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, o resultado de julho “pode ser um suspiro”, mas ele prefere aguardar os próximos meses para uma avaliação mais apurada.
Por enquanto, a LCA mantém sua projeção de uma queda de pouco mais de 20% para as vendas do ano. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta para o ano redução de 19% nas vendas, para 2 milhões de unidades.
Mesmo com 21 dias úteis, um a menos que em junho, a média diária das vendas no mês passado somou 8,6 mil veículos, também a melhor performance do ano. Até o segmento de caminhões, o mais penalizado pela crise, apresentou melhora de 12% de um mês para o outro, mas foi 28,8% inferior ao resultado de julho de 2015.
“Se a média diária de vendas se mantiver acima de 8 mil unidades até o último trimestre, quando tradicionalmente os negócios crescem, o resultado do ano tende a ser melhor”, afirma Nishida.
O executivo de uma grande montadora também afirma ser “prematuro assumir que o setor chegou ao ponto de inflexão”. Segundo ele, o ambiente econômico continua ruim com pressões inflacionárias, crédito restrito e desemprego alto. Além disso, o Banco Central frustrou as expectativas de uma rápida queda nos juros.
No ano, as vendas no varejo, das lojas para os consumidores, caíram 29,2% em relação a 2015. Já os negócios diretos – das fábricas para frotistas (as chamadas vendas especiais), tiveram redução de 12,5%, mostrando que o cliente pessoa física segue cauteloso.
No caso das vendas diretas, as fabricantes viram oportunidades em oferecer pacotes especiais para frotistas que operam com o serviço Uber e táxis. Mas o executivo lembra que os descontos oferecidos são elevados, o que prejudica os resultados financeiros das empresas.
Ranking
Em julho, a General Motores manteve-se como líder em vendas de automóveis e comerciais leves, com participação de 16,9% no segmento, que comercializou 175 mil unidades.
A Fiat ficou em segundo lugar, com 16,4% (uma diferença de apenas 870 unidades). A Volkswagen segue em terceiro lugar, com 12,3% de participação. A Toyota, pela primeira vez, ficou em quarto lugar no ranking, com 9,6% das vendas, praticamente empatada com a Ford, que vendeu 100 carros a menos. A Hyundai caiu para a sexta posição, com 9,2% das vendas.
O Chevrolet Onix também manteve a liderança entre os modelos mais vendidos (11,6 mil unidades), seguido por Hyundai HB20 (9,7 mil), Ford Ka (7,2 mil), Fiat Palio (6 mil) e Chevrolet Prisma (5,9 mil). (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)