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Ter aquele som irado para deixar o carro sinistro, loucão mesmo, deixou de ser exclusividade de quem fala essas gírias. Da mesma forma, o perfil de quem busca um sistema de som de qualidade e com grife é bem diferente do velho estereótipo do playboy que gasta mais na aparelhagem do que pagou pelo carro.
Pessoas com mais de 40 anos, casados e donos de carros de segmentos mais “tradicionais” já são maioria em muitas lojas. E as montadoras agora entregam soluções já para sedãs médios – claro, ainda é preciso encomendar as versões mais caras, com preços orbitando os R$ 100 mil, mas há promessa de popularização.
Na Paul Car, com sete pontos em São Paulo, seis em cada 10 clientes novos são de pessoas mais velhas. “Não é só mais garotão que procura o som de alta definição. Tem um novo cliente, que procura qualidade, não barulho”, afirma Paulo Sergio Nunes, que trabalha na rede especializada em som automotivo há 18 anos.
Som é diferencial nos sedãs
Obviamente, as chamadas marcas de luxo já oferecem sons “premium” em muitos linhas – Audi e Volvo são bons exemplos. Mas não é preciso alcançar cifras muito altas para ter som de grife. Esse movimento já acontece no mercado de sedãs médios.
Vejamos os recentes lançamentos do segmento. Na carona do face-lift de meia-vida, a linha 2017 do Sentra tem opção de som da marca Bose. É a mesma marca do sistema de som aplicado ao SUV Koleos, que a Renault trará ao Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro.
“O cliente desse segmento está sempre em busca de novidades e tecnologia. Ainda mais hoje, em que as pessoas têm mais facilidades em ter as músicas que gostam. O som cumpre a função de um diferencial de alta qualidade no carro”, explica Juliana Fukuda, gerente de Marketing de Produto da Nissan.
Funciona como vitrine tecnológica, é verdade. O Sentra que tem o aparelho premium é o da versão topo de linha SL, que custa R$ 95.990. Os rivais da Chevrolet e da Renault seguem a mesma receita. A recém-lançada segunda geração do Cruze carrega um rádio da JBL, mas só na LTZ, que sai por R$ 96.990. Já o som assinado pela Arkamys com efeito 3D só está disponível no Fluence versão Privilége, de R$ 98.300.
Mesmo na Audi é preciso abrir bem a carteira para ter som com grife. No sedã A4, o sistema 3D da Bang & Olufsen é opcional disponível a partir da Launch Edition 2.0, de R$ 172.990, num pacote que custa mais de R$ 10.200.
“O som não é razão de compra, pois há outras razões na frente. Mas é um item de influência. Se não for bom como a tecnologia com a qual o cliente está acostumado, aí sim será um fator de desistência. Ou seja: nesse segmento você tem que surpreender”, aponta a executiva da Nissan.
Ah, nas linhas RS3 (R$ 290.990) e RS7 (R$ 585.190) o B&O é de série. No Q7, de R$ 399.990, o Bose também vem de fábrica…
Som premium para todos?
Se serve de consolo, esses sons premium devem se democratizar. O processo será lento e gradual, mas não se espante se a linha 2020 de alguma versão de topo de carros compactos estrear com aparelho renomado.
“Ainda será o diferencial dos segmentos mais caros por um bom tempo. Mas a tendência do mercado é trazer esse diferencial para outros segmentos. Os clientes estão ficando mais exigentes a cada momento”, acredita Juliana Fukuda, da Nissan.
Prova de força
Mas não basta apenas o aparelho, conjunto é importante. Faz diferença ter alto-falantes, tweeters e subwoofer de qualidade: “Às vezes, a caixa de som não condiz com a qualidade do som”, observa Paulo Sérgio, que diz receber muitos clientes de sedãs médios que procuram a loja para trocar justamente as caixas originais.
O Bose do Sentra mais caro fez a lição de casa. Quatro alto-falantes, dois tweeters e dois subwoofers compõem o sistema.
Apesar da popularização, é claro que o sistema de áudio ganha em qualidade conforme muda a base de preços do modelo, chegando a tomar proporções de orquestra sinfônica. O Bang & Olufsen do Audi RS3 tem 14 alto-falantes (incluindo subwoofer e alto-falante central) e 705 watts de potência, enquanto no RS7 são 15 caixas e 1.200 watts.
É o caso também da Volvo: o sistema de som da grife Bowers & Wilkins que equipa a versão mais cara do SUV grande de luxo XC90 foi configurado seguindo especificações da Sala da Orquestra Sinfônica de Gotemburgo (Suécia). Além de 19 falantes espalhados pela cabine, subwoofers instalados nos extremos da carroceria fazem com que o carro todo se comporte como uma caixa de ressonância. A potência total é de 1.400 W. Isso num modelo de mais de R$ 300 mil. (UOL Carros/Fernando Miragaya)