Daimler reage para concorrer com Uber

Financial Times

 

A Daimler deverá orientar uma fusão entre os aplicativos de táxi Hailo e MyTaxi sob uma única marca. O negócio é uma tentativa de enfrentar o Uber em toda a Europa.

 

A Daimler, proprietária da marca Mercedes­Benz, que adquiriu o My Taxi em 2014, vai adquirir cerca de 60% de participação na Hailo e deterá um certo número de assentos controladores no conselho de administração após a transação.

 

A fusão não envolve qualquer intercâmbio em dinheiro, mas a Daimler vai injetar centenas de milhões de euros na empresa com o objetivo de expandir suas operações em novos mercados e em praças onde que já atua, de acordo com pessoas familiarizadas com a operação.

 

A aquisição da Daimler, ao que tudo indica, será a primeira de uma série, uma vez que a empresa pretende conquistar participação de mercado rapidamente e atuar como um fator de consolidação do mercado altamente fragmentado de reservas de táxis e de automóveis da Europa.

 

O My Taxi, que permite que seu usuário utilize táxis licenciados, também acredita ter uma vantagem sobre o Uber e a Lyft, uma vez que os órgãos reguladores europeus se mostram esmagadoramente hostis aos aplicativos de corridas oferecidos pelos grupos americanos.

 

O negócio representará a investida mais recente de montadoras nos serviços de contratação de corridas, que, segundo acreditam muitas pessoas do setor, poderá ser o futuro do transporte urbano.

 

A General Motors fez um investimento de US$ 500 milhões no grupo americano Lyft, a Volkswagen assumiu uma participação de US$ 300 milhões no aplicativo israelense Gett e a Toyota anunciou aporte de valor não revelado no Uber.

 

Esses negócios permitem que as montadoras desenvolvam serviços sob demanda e compartilhem tecnologia com os grupos que desenvolvem os aplicativos.

 

Além disso, impulsionam os grupos automotivos a ganhar a dianteira na venda de veículos a operadoras de táxi ou a motoristas particulares não oficiais, em uma época em que se prevê que a propriedade pessoal de veículos deverá diminuir nos centros urbanos ­ principalmente entre pessoas mais jovens ­ e ser substituída por serviços “sob demanda”.

 

Shahar Waiser, fundador do Gett, previu que, dentro de dez anos, metade de todas as viagens feitas usarão um veículo chamado por um aplicativo.

 

A Hailo, lançada em 2011, não deixou de enfrentar problemas, e vem procurando um investidor estratégico há algum

tempo.

 

A empresa, que captou aproximadamente US$ 100 milhões até o momento, retirou­se dos mercados americano e canadense em 2014 após dizer que a concorrência do Uber e da Lyft a impediu de ser lucrativa. Ao mesmo tempo, Jay Bregman, seu cofundador e coexecutivo­chefe, deixou a companhia.

 

Estão entre seus atuais investidores o grupo de investimento Accel, a Wellington Partners e o empresário Richard Branson. O grupo continua a operar em cidades de toda a Europa, como Londres, Madri, Barcelona e Dublin. Em 2014, o último ano para o qual se dispõe de dados, a Hailo Network Holdings divulgou um prejuízo antes dos impostos de 10 milhões de libras esterlinas.

 

O My Taxi opera em áreas onde a Hailo tem presença limitada, como Áustria, Alemanha, Itália e Polônia. (Financial Times/Peter Campbell e James Fontanella­Khan)