Nissan traz novo carro e abre 600 vagas no Rio de Janeiro

O Estado de S. Paulo

 

Em meio ao caos em que se encontra a indústria automobilística brasileira, com queda nas vendas, demissões e ociosidade, a Nissan anunciou ontem, terça-feira, 19, que vai iniciar um segundo turno de trabalho na fábrica de Resende (RJ) e contratará 600 funcionários até o fim do ano. Hoje, a unidade inaugurada há dois anos emprega 2 mil pessoas.

 

O novo turno e as contratações são para o início da produção do utilitário-esportivo (SUV) Kicks, veículo global da marca que será lançado primeiro no Brasil. O projeto recebeu investimentos de R$ 750 milhões e teve a participação do centro de design no Rio.

 

As vendas oficiais começam em 5 de agosto, data da abertura dos jogos olímpicos no Rio. O Kicks é o carro oficial da Olimpíada e tem sido visto pelas ruas do País desde maio, acompanhando o trajeto da tocha olímpica. “A Olimpíada e a Paralimpíada serão uma alavanca para tornarmos a marca Nissan mais conhecida no Brasil”, diz o vice-presidente de vendas e marketing, Ronaldo Znidarsis.

 

O Kicks chega ao mercado para disputar vendas no segmento de compactos, hoje liderado pelo Honda HR-V, que vendeu neste ano 30,8 mil unidades. Na sequência está o Jeep Renegade, com 25,7 mil unidades. O HR-V, fabricado em Sumaré (SP) foi lançado em abril de 2014 e o Renegade, feito em Goiana (PE), um ano depois.

 

Mercado em alta

 

Só os dois modelos respondem por quase 40% das vendas totais de SUVs no País, que somam neste primeiro semestre 144 mil unidades, alta de 7,8% em relação a igual período de 2015. O mercado total de automóveis e comerciais leves caiu 25,1% no período, para 952,2 mil unidades.

 

“O mercado de SUVs é o que mais cresce no Brasil e vimos uma oportunidade de trazer nossa experiência mundial nesse segmento”, afirma Znidarsis. No mundo todo, o segmento representa 27,6% das vendas de veículos, participação que era de 20,1% em 2010.

 

Novo concorrente esperado para o segmento é o ix25, que deve ser feito pela Hyundai em Piracicaba (SP) nos próximos meses. A General Motors também prepara produto nessa linha, mas só para 2018. A Jeep fará um SUV de médio porte em Pernambuco ainda este ano.

 

O Kicks custa R$ 89.990 na versão top SL, que vem com itens como navegação integrada, quatro câmaras que permitem visão de 360 graus e detector de objetos.

 

Uma série especial chamada Rio, em comemoração aos jogos olímpicos, custa R$ 93,5 mil e traz detalhes como capô em cor diferente da carroceria. O motor é 1.6, fabricado no Brasil.

 

Inicialmente, o utilitário será importado do México, onde começou a ser produzido recentemente. No último trimestre, passa a ser fabricado em Resende e deverá ganhar versões mais simples. Até lá, a fábrica estará pronta para iniciar o segundo turno e os 600 contratados estarão treinados. O Kicks será exportado pela Nissan do Brasil para toda a América Latina. O México abastecerá o mercado dos Estados Unidos. O veículo também será produzido em outros países.

 

Participação

 

A fábrica de Resende também produz o March e o Versa. A unidade no Paraná, em conjunto com a Renault, produz a picape Frontier.

 

No primeiro semestre, a Nissan vendeu 24.718 veículos, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), 18,3% a mais do que em igual período de 2015. A marca, contudo, melhorou sua participação no mercado de 2,38% para 2,6%.

 

“Vamos crescer dois dígitos em participação este ano”, prevê Znidarsis. O grupo prevê vendas de 2,2 milhões de veículos para o mercado total no período de abril a março (ano fiscal da empresa). “Acreditamos que o quarto trimestre deste ano e o primeiro de 2017 serão melhores”, diz. “Com a situação política mais definida, a confiança dos consumidores vai voltar.”

 

A abertura de novas vagas pela Nissan é um alívio em meio aos cortes que as montadoras vêm realizando. Só neste ano foram 2,1 mil demissões. Em 12 meses, foram 9,2 mil. Ao contrário de outras fabricantes, a marca japonesa não opera, atualmente, com nenhuma medida de redução de produção. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)