Queda do dólar desafia superávit recorde

O Estado de S. Paulo

 

Junho foi apenas o terceiro melhor mês do ano para as exportações pelo critério de média por dia útil, de US$ 761 milhões, inferior em 9% à média diária de US$ 836 milhões em maio. As vendas dependeram de produtos semimanufaturados, como açúcar em bruto, ouro e óleo de soja em bruto.

 

Em relação a junho de 2015, caíram tanto as exportações de manufaturados (óleos combustíveis, motores, aviões, automóveis, autopeças, óxidos e hidróxidos de alumínio) como de produtos básicos (petróleo em bruto, café em grãos, soja em grãos e farelo, fumo em folha e minérios de ferro e de cobre). O aumento das exportações para México, Canadá, Comunidade Andina e Oceania não compensou a queda de vendas não só para a Ásia em geral (-22,1%) e a China em particular (-16,2%), como para os Estados Unidos, o Mercosul (para a Argentina a queda foi de 9,5%), União Europeia, África e Oriente Médio. Quedas menores foram registradas entre os primeiros semestres de 2015 e 2016, quando cresceram, por exemplo, as vendas para a China e o Japão.

 

O recuo das importações decorrente da recessão continua sendo o grande responsável pelo superávit. Mas, ao contrário das exportações, as importações reagiram em junho: a média por dia útil foi de US$ 580 milhões, 9,5% acima da de maio, de US$ 530 milhões. O maior aumento foi de bens de capital, ou seja, importou-se mais para investimento.

 

A desvalorização do dólar de 9,8% no segundo trimestre e de 21,3% no primeiro semestre pode ter efeito mais rápido sobre as importações, principalmente de itens de consumo. Sinal disso, as compras de alimentos e bebidas para consumo doméstico cresceram 19,8% entre junho de 2015 e junho de 2016.

 

As exportações reagem com mais atraso às oscilações cambiais. O Banco Central parece atento para o risco de valorização excessiva do real. (O Estado de S. Paulo)