Carro usado vira opção na crise e venda dispara

O Estado de S. Paulo

 

Enquanto o no primeiro semestre em comparação a igual período de 2015, as vendas de modelos seminovos, com até três anos de uso, seguem trajetória inversa, com crescimento de 23,6%.

 

“Quem compra o seminovo é o consumidor que compraria o zero, mas está trocando um pelo outro”, afirma Ilídio dos Santos, presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

 

 

Segundo ele, diante da crise econômica, o veículo usado se encaixa melhor no orçamento dos consumidores. “Além da vantagem do preço, muitos modelos com até três anos ainda estão na garantia”, diz Santos.

 

O desempenho positivo não se repete em veículos mais velhos. As vendas de carros com quatro a oito anos de uso caíram 12,9% no primeiro semestre e as de nove a 12 anos, 12,4%. A redução para aqueles com mais de 13 anos foi de 17,2%.

 

Ao todo, foram vendidos de janeiro a junho 4,786 milhões veículos usados, incluindo caminhões e ônibus. O número é 3,8% menor que o do mesmo intervalo do ano passado.

 

Do total, 2,266 milhões são modelos com até três anos de uso, ou 47,3% das vendas.

 

O mercado de veículos zero quilômetro somou 983,5 mil unidades na primeira metade do ano, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Significa que, para cada novo, foram comercializados quase cinco veículos usados.

 

Somente em junho, as vendas de veículos usados cresceram 2,4% em relação a maio, mas foram 2,7% menores do que as de igual mês de 2015.

 

Em falta

 

Na loja de veículos seminovos Trans Am Faraj, na zona norte de São Paulo, os negócios cresceram, até agora, 12%, informa o proprietário Munir Faraj.

 

Modelos na faixa de preço de até R$ 100 mil, como Toyota Corolla e Honda Civic estão em falta, informa Faraj. Também carros compactos em versões mais equipadas, como Hyundai HB20 e Chevrolet Onix estão difíceis de serem encontradas.

 

De acordo com Faraj, boa parte dos modelos vendidos nas loja é adquirida de concessionárias de montadoras mas, com a queda nas vendas de novos, o usado fica escasso.

 

“Grande parte dos consumidores deixa o usado como parte do pagamento de um zero, mas, com a situação econômica atual, essa troca não está ocorrendo”, diz. Segundo ele, muitos dos negócios feitos atualmente envolvem a troca do automóvel mais novo por outro mais velho para sair da loja com algum dinheiro para pagar outras dívidas.

 

Faraj diz que também tem sido procurado por consumidores que querem vender carros adquiridos recentemente, pois não conseguem pagar o financiamento, alguns deles por terem perdido o emprego.

 

A venda de motos usadas caiu 2,3% na primeira metade do ano na comparação com o primeiro semestre de 2015 – para 1,336 milhão de unidades. Já o mercado de motos novas recuou 17,7% no mesmo período, para 547 mil unidades. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)