Jornal do Comércio
O novo governo tem 60 dias para dizer a que veio. Com esta sentença, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) Carlos Pastoriza, elencou uma série de propostas ao presidente interino, antes de sua posse. Para reverter a crise econômica, o dirigente destaca a necessidade de um ajuste fiscal, e de medidas estruturantes, como reformas tributária, política e da Previdência.
“Existem centenas de bilhões de reais à espera de um marco regulatório favorável que dê confiança ao investidor para deslanchar este processo de construção de portos, aeroportos, estradas, usinas, entre outros, e assim implementar a demanda de bens de capital mecânicos”, destacou Pastoriza durante reunião da regional Sul da entidade realizada na sede da Fiergs.
Na visão do dirigente, será necessário forçar, em legislação, uma data limite a partir das solicitações junto aos órgãos reguladores para a liberação de licenças ambientais. “Também é importante estimular as exportações a partir de uma estabilização do dólar, e que se mantenha o câmbio em um patamar mais alto, para que ocorra retomada do mercado do setor de máquinas e equipamentos.”
Lembrando que o segmento está “no centro da economia”, por fornecer para todos os setores, Pastoriza apresentou mais de 65 ações que integram o planejamento estratégico da entidade para a retomada do desenvolvimento da indústria. Ele lembrou que o segmento de máquinas é o primeiro a sentir e o último a reagir a um período de crise. “Agora há uma janela pequena, que se bem aproveitada, pode estancar a queda do PIB e do emprego e gerar uma recuperação da economia ainda no segundo semestre deste ano.”
Para que se crie um ciclo positivo de aumento do consumo e da produção (que juntos, devem conter o desemprego e gerar novas vagas), o presidente da Abimaq afirma que será preciso um decrescimento da taxa Selic em paralelo a um “efeito psicológico” no consumo e nos investimentos. Propondo que se promova uma deflação generalizada, o dirigente defende que Michel Temer obrigue o varejo a desembutir “os juros escondidos” nos preços de todos produtos, produzindo assim um “efeito riqueza” na população. “É preciso reativar o consumo, criando uma espiral virtuosa”, justifica.
Pastoriza anunciou que a Abimaq deve procurar os ministérios da Indústria e Comércio, da Fazenda, do Planejamento, e do Itamaraty (responsável agora pelo comércio exterior), para reforçar a necessidade das ações. “É indispensável que haja vontade política, para salvar a economia que hoje está sangrando”. (Jornal do Comércio/Adriana Lampert)