Reuters
O fundo do poço da indústria automotiva brasileira dá sinais de estar se aproximando, conforme dados de licenciamentos de veículos novos mostraram estabilidade nas vendas de carros e comerciais leves por dia útil em abril ante março.
A média de vendas de veículos leves por dia útil em abril foi de 7,9 mil unidades, quase em linha com a média de março, que teve dois dias a mais de vendas que os 20 do mês passado.
“A retração (das vendas) tem sido menos agressiva. Estamos chegando ao fundo do poço (…) O ponto é saber quanto tempo o mercado vai ficar neste patamar baixo”, disse Raphael Galante, consultor para o mercado automotivo na Oikonomia.
“Gradativamente, sobre o mesmo período do ano passado, a queda nas vendas vem diminuindo, o resultado tende a ficar um pouco melhor a partir do segundo semestre. Com sorte 2017 vai ser igual a 2016”, acrescentou.
Mais cedo, fonte do mercado com acesso a dados de emplacamentos afirmou que as vendas de carros e comerciais leves em abril caíram cerca de 9% sobre março, para 157,9 mil unidades. Na comparação com abril de 2015, a queda foi de 25,5%, ante recuo anual em janeiro de quase 39%.
A maior parte da queda ocorreu no segmento de carros, que teve vendas de 131,2 mil unidades, uma baixa de cerca de 10% sobre o mês anterior. Já as vendas de comerciais leves, categoria que inclui picapes e utilitários esportivos, se mantiveram praticamente estáveis em abril sobre março.
“Quem tem dinheiro sobrando e quer comprar, compra. É o público ‘A”, disse o consultor. “Quem (das montadoras) está sofrendo mais é o pessoal que tinha um tíquete médio mais baixo”, acrescentou.
Ele citou quedas de vendas de janeiro a abril sobre um ano antes de 30,3% da General Motors, 42,3% da Fiat, 38% da Volkswagen e de 41,5% da Ford. Hyundai, Toyota e Honda tiveram recuos menos intensos no período, entre 2,3% e 10%, segundo dados da Oikonomia.
Galante comentou que o desempenho dos comerciais leves em abril foi sustentado por lançamentos de modelos que incluíram as picapes Toro (Fiat) e Duster Oroch (Renault), que disputam um segmento entre picapes pequenas e médias, até então inexplorado. (Reuters/Alberto Alerigi Jr.)