Queda de encomendas pesa e contração da indústria do Brasil piora em abril, mostra PMI

Reuters

 

A forte queda no volume de novas encomendas diante das crises econômica e política abalou com força as condições da indústria brasileira em abril, resultando em forte redução no número de funcionários, mostrou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira.

 

O PMI da indústria do Brasil, informou o Markit, caiu a 42,6 em abril, contra 46,0 em março, marca mais baixa desde março de 2009 e o 15º mês seguido em contração. Resultado acima de 50 demonstra expansão e, abaixo disso, retração.

 

“Há poucos sinais até agora de recuperação, já que a economia continua em situação frágil e a paralisia política deve persistir”, disse em nota a economista do Markit Pollyanna De Lima.

 

A entrada de novas encomendas caiu em abril no ritmo mais rápido desde março de 2009, com os entrevistados apontando fraqueza da demanda interna. Isso levou as empresas a reduzirem a produção pela taxa mais forte desde novembro do ano passado.

 

De acordo com o Markit, cerca de 36% dos entrevistados informaram volumes mais baixos de produção, que foram observados tanto nas categorias de bens de consumo como de bens intermediários e de capital.

 

Por outro lado, as encomendas do exterior cresceram pelo quinto mês seguido, atingindo a maior taxa de expansão da pesquisa por conta da fraqueza do real sobre o dólar.

 

Mas se a desvalorização da moeda ajuda neste ponto, ela torna os preços pagos pelas matérias-primas mais caros. Em abril, o aumento dos preços de compra foi o mais forte desde julho de 2008.

 

“(A alta dos preços de matérias-primas) deve pesar sobre o poder de precificação das empresas nos próximos meses, já que as indústrias devem repassar os aumentos de custos a seus clientes”, completou Pollyanna.

 

Com as tentativas de redução de custos diante desse cenário, as indústrias brasileiras cortaram empregos no mês passado, ao ritmo mais rápido na história da pesquisa. Os três grupos monitorados apresentaram redução de funcionários.

 

Apesar dos resultados negativos, outros indicadores mostraram que o setor industrial no Brasil pode estar melhorando a confiança. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) subiu ao maior patamar em um ano no mês passado. (Reuters)