Reuters
As usinas siderúrgicas do Brasil devem rever para baixo suas projeções de desempenho operacional no País, após a forte queda na produção nacional de aço bruto no primeiro trimestre, afirmou nesta sexta-feira o presidente-executivo da entidade que representa o setor, IABr, Marco Polo de Mello Lopes.
“Estamos atravessando este momento em que não sabemos o que vai acontecer no dia de amanhã”, disse o executivo. “A crise (política) em si criou uma paralisia em que nada se resolve no País. Se o impeachment for ou não aprovado, o que o País precisa é de estabilidade para se priorizar o crescimento do mercado e para que isso ocorra é preciso credibilidade e boas expectativas”, acrescentou o executivo em entrevista.
A indústria estimou no final de março que a produção de aço bruto do Brasil vai ter recuo de apenas 1% este ano, a 32,9 milhões de toneladas, mas o volume produzido no primeiro trimestre apontou um ritmo anualizado de 29,6 milhões de toneladas, segundo dados do IABr. A produção de janeiro a março caiu 12,3% sobre um ano antes, a 7,4 milhões de toneladas.
“Com certeza vamos rever (as projeções)”, disse Lopes, acrescentando que a revisão deve ocorrer no início de junho, durante o Congresso Brasileiro do Aço, em São Paulo.
Lopes participou no início da semana de reunião em Bruxelas patrocinada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que terminou sem avanços sobre medidas para se lidar com o excesso da capacidade global de produção de aço, de 700 milhões de toneladas.
Segundo ele, o fracasso da reunião, que reuniu representantes comerciais dos principais países produtores de aço como China, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, vai tornar difícil a realização de um novo encontro nos próximos meses o que torna prioritário o não reconhecimento da China como economia de mercado.
“Os governos têm trabalhando nisso sem dar muita visibilidade (sobre o status da China). Evidente que estão conversando entre si, mas cabe à iniciativa privada verbalizar isso. No aço, o que a China faz é exatamente o oposto do que faz uma economia de mercado. O país tem empresas estatais, todo o planejamento definido pelo governo central, as empresas não quebram (…) Precisamos evidenciar isso”, disse Lopes.
No Brasil, o pleito do IABr junto ao governo federal continua sendo pela compensação de resíduos tributários remanescente na cadeia de produção de bens a serem exportados por meio do programa Reintegra, que teve alíquotas de reduzidas de 3 para 1%. Porém, as crises política e econômica têm dificultado avanços.
Enquanto isso, Lopes afirmou que as importações “deixaram de ser um problema” para a indústria em meio ao ambiente de baixa demanda no Brasil e desvalorização do real contra o dólar. No primeiro trimestre, as importações de aço pelo Brasil caíram 63% sobre um ano antes, a 368 mil toneladas, segundo o IABr. (Reuters/Alberto Alerigi Jr.)