DCI
A oferta de automóveis com apelo de economia de combustível cresce impulsionada pelas metas de eficiência energética do regime automotivo. De acordo com montadoras ouvidas pelo DCI, novas tecnologias nesta seara vão atingir desde modelos de entrada até veículos de luxo.
“A eficiência energética é uma tendência que já é vista inclusive nos modelos mais caros da Volkswagen. É um caminho sem volta”, diz o gerente de marketing de produto da montadora alemã, Henrique Sampaio.
Com o aprofundamento da crise econômica no País e o aperto da renda, o mote do consumo de combustível pode ser um apelo adicional para as marcas que querem emplacar os lançamentos nesta área.
Para o gerente de marketing de produto da Peugeot no Brasil, Sérgio Davico, a preocupação com o consumo de combustível é do mercado como um todo. “Ao lançar modelos mais econômicos, nos enquadramos na legislação e respondemos a um anseio do consumidor.”
Não só a preocupação com o nível de emissões, mas também o peso do combustível no bolso do consumidor fizeram com que países da Europa e os EUA adotassem legislações de eficiência energética mais rígidas há um bom tempo.
No Brasil, esse processo se acelerou recentemente, com as metas estabelecidas pelo novo regime automotivo (Inovar-Auto). Para aderir ao programa, montadoras tiveram de se comprometer a reduzir os níveis de emissões. O resultado para o consumidor, especialmente bem-vindo em tempos de crise, é a redução da conta diretamente na bomba.
Um dos caminhos mais curtos para atingir esse objetivo é a aposta em modelos de maior volume. No caso da Volkswagen, o compacto up! – principalmente na versão turboalimentada, em substituição a aspirada – promete economia significativa ao consumidor.
“Um dos principais fatores de vendas do up! e da sua versão TSI turbo é sem dúvida a economia de combustível. Temos recebido esse feedback dos clientes”, garante Sampaio.
No acumulado até março, o up! e sua versão turbo figuram entre os 15 modelos mais vendidos do País. Dentro da Volks, o modelo só perde em emplacamentos para o Fox e o Gol.
A diminuição do motor (o chamado downsizing), aliada a outras tecnologias como injeção direta – ainda pouco ofertada no Brasil devido a custo – são alguns dos diferenciais para redução de consumo do up! TSI.
O turbo 1.0 da Volks percorre de 9,5 quilômetros por litro (etanol) a 10,4 km/l (gasolina) na cidade e, na estrada, de 13,7 km/l a 14,7 km/l, respectivamente, de acordo com o programa de etiquetagem do Inmetro.
Os números do novo Peugeot 208, modelo 1.2, se aproximam muito do concorrente da Volks. Com motor de 3 cilindros aspirado e uma combinação de tecnologias, que incluem redução significativa de peso do motor, a marca francesa promete entregar o carro mais econômico do mercado brasileiro, atualmente.
“O desempenho do novo 208 é o mesmo da versão anterior de 1.5, mas com redução de 37% do consumo”, destaca Davico.
O modelo é responsável por metade das vendas da Peugeot no Brasil e será decisivo para a montadora atingir as metas do Inovar-Auto. “O novo regime automotivo é preponderante para o investimento nesse tipo de tecnologia”, explica.
O compacto promete entregar um desempenho urbano de até 10,9 km/l a etanol e 15,1 km/l (gasolina). Na estrada, o consumo é de 11,7 km/l e 16,9 km/l, respectivamente. “O consumo de combustível é a preocupação número um do consumidor brasileiro”, observa Davico.
Necessidade
Para o diretor de produto da Fiat no Brasil, Carlos Eugênio Dutra, o consumo de combustível é uma grande preocupação no segmento “popular”. “A eficiência energética é condição primordial nas categorias de entrada.” O executivo garante que o subcompacto Mobi, lançado na semana passada, é realmente econômico.
“Trata-se de um conjunto muito equilibrado”, diz. Ele explica que, apesar do motor 4 cilindros, o Mobi teve um “trabalho interessante” de redução de peso. “A necessidade de energia para movê-lo é menor e por isso consome menos combustível. Não é só motor que faz eficiência energética”, garante.
A Fiat quer colocar, ainda neste ano, o Mobi entre os três modelos mais vendidos do País. Se conseguir atingir a meta, a montadora terá equacionado parte importante das metas de eficiência do Inovar-Auto.
De acordo com o executivo da Volkswagen, a questão da economia de combustível vai além das classes com menor poder aquisitivo. Sampaio afirma que não só os modelos de entrada contarão com esse tipo de tecnologia. “O downsizing está entrando em carros de luxo porque a preocupação com eficiência já atinge também este segmento”, reforça Sampaio.
Segundo ele, atualmente o portfólio da Volkswagen no País possui apenas um modelo V6, que apesar de entregar potência incomparável, consome muito mais combustível do que as versões de 4 cilindros.
“Substituímos os modelos V6 pelo 2.0 TSI turbo, que entrega a mesma performance e gasta muito menos”, garante. (DCI/Juliana Estigarríbia)