Venda de combustíveis no 1º bimestre cai pelo segundo ano seguido

Folha de S. Paulo

 

Pela segunda vez consecutiva, as vendas de combustíveis no País apresentaram queda no primeiro bimestre. Dessa vez, a redução no comércio de diesel, gasolina e etanol é ainda maior. Segundo a ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, o total comercializado pelas distribuidoras nos dois primeiros meses caiu 5,5% – em 2015, a queda foi de 1,9%.

 

Combustível mais consumido no país devido ao peso do transporte rodoviário de cargas, o diesel apresentou queda de 6,6%. A redução também de chegou ao etanol (-6,8%), que sofre com a entressafra de cana-de-açúcar, e da gasolina (-2,6%).

 

A diminuição é reflexo do movimento nas rodovias. Segundo o índice ABCR, Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, nos dois primeiros meses, houve queda de 4,6% no fluxo de veículos pesados nas rodovias e de 1,4% no de leves. Nos últimos 12 meses, a redução atinge 5,1% nos pesados e 0,9%, nos leves. O índice é calculado com base no total de veículos que passam pelas praças de pedágio.

 

“É uma situação compatível com a dinâmica industrial. O deslocamento de cargas depende do ritmo de produção. Como a produção está em retração, há arrefecimento no movimento nas rodovias”, disse Luciano Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, que calcula o índice em parceria com a ABCR. Em São Paulo, a retração é mais acentuada, de 6% no fluxo de veículos pesados.

 

Etanol: queda após recorde

 

Apesar de ter crescido 37,5% e batido recorde de vendas em 2015 impulsionado por incentivos tributários, o etanol atingiu em fevereiro o pior volume desde setembro de 2014. As vendas foram menores também graças à entressafra das usinas, que tradicionalmente encerram a moagem de cana em dezembro e retomam a produção a partir de março. No período, os estoques caem e os preços sobem.

 

A perda de competitividade do etanol ocorre desde novembro, quanto o preço chegou a 70,7% do valor da gasolina – até 70% ele é mais vantajoso–, segundo a pesquisadora Ivelise Bragato, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. “Em fevereiro a relação chegou a 76% e ficou ainda mais agravada para o etanol, o que não ocorria desde 2011.”

 

O início de ano ruim confirma tendência verificada ao longo do ano passado, quando as vendas caíram 1,9% no mercado de combustíveis – a primeira desde 2013. (Folha de S. Paulo)