Folha de Pernambuco
Segundado dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), houve uma redução de 4,1% no número de os usuários de ônibus do País em 2015. A grande vilã, crê o setor, é a crise financeira, que gerou desemprego e a impossibilidade de os passageiros assimilarem as tarifas. Como comprar e manter um veículo também é caro, não é difícil prever que as ruas são cada vez mais de quem busca alternativas de se locomover, a pé ou de bicicleta.
Apesar do cenário desalentador, o quadro parece longe do fim. Em janeiro, a evasão de usuários teve índice de 9,15% e em fevereiro o percentual chegou a 6,75%.
São cerca de 900 mil passageiros a menos por dia. Aas cidades pesquisadas, dentre as quais 14 capitais, detêm quase dois terços das pessoas transportadas, o que dá uma ideia do impacto negativo.
A queda, que ocorre pelo quarto ano seguido, é a maior da década no setor. “Vejo uma combinação de fatores. Com a crise, a pessoa nem sai para procurar emprego porque não acha. Ocorre o estímulo aos deslocamentos a pé. O imobilismo das cidades, com os congestionamentos, também frustra. Ou seja, é uma equação da qual é difícil sairmos ainda este ano”, avalia o presidente da NTU, Otávio Cunha. “Um caminho seriam alternativas de subvenção. Pegamos São Paulo e vemos que a redução de demanda foi pequena (0,9%). Lá, o poder público banca 30% da tarifa. O cidadão sente menos”, completa.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), Fernando Bandeira, ressalta que o início de ano difícil também teve influência das férias e do Carnaval e acredita que o resultado pode ser revertido se investimentos em corredores exclusivos continuarem.
Por outro lado, reconhece que o cenário pode comprometer investimentos. “Quando houve o realinhamento tarifário, não foi prevista essa queda. Com um déficit, é natural que a primeira providência seja fazer readequações, o que afeta a renovação de frota, inclusive porque as taxas de financiamento estão muito ruins”, diz, sem adiantar em que proporção as aquisições de ônibus podem ser prejudicadas. (Folha de Pernambuco)