Criador do Uber mira serviço para caminhões no Brasil

Folha de S. Paulo

 

O mexicano Oscar Salazar, um dos fundadores do Uber, decidiu investir na CargoX, uma transportadora brasileira que conecta caminhoneiros autônomos e que precisam enviar mercadorias – de modo parecido ao que faz a companhia norte-americana no transporte de passageiros.

 

A injeção de recursos, que terá participação de fundos como Valor Capital Group e Lumia Capital, não teve o montante divulgado.

 

Segundo Federico Vega, fundador e presidente da CargoX, serão investidos R$ 100 milhões na companhia em dois anos (incluindo recursos da própria empresa).

 

Salazar, que deixou o Uber em 2011, disse à Folha que o tamanho do mercado de fretes no Brasil despertou seu interesse pela companhia. É o primeiro investimento dele na

América do Sul.

 

Segundo Salazar, o modelo de negócios adotado tem o potencial de tornar setores mais produtivos a partir da transformação no modo como funcionam.

 

No caso do setor de logística, a ideia é reduzir o número de caminhoneiros autônomos com a caçamba vazia nas estradas (cerca de 30% deles, dizem os donos de start­ups do setor).

 

A ideia é usar a tecnologia para definir qual a melhor forma de distribuir as mercadorias entre eles, diz Salazar.

 

A CargoX funciona em versão de testes desde novembro do ano passado.

 

A ideia que deu origem a ela vem sendo aplicada por empresas que estão no mercado brasileiro ao menos desde 2012.

 

A diferença, segundo Vega, é que a CargoX vai treinar os caminhoneiros e será responsável por toda a entrega, arcando com problemas em casos de furtos da mercadoria, por exemplo.

 

As outras empresas permitem a quem faz o envio ver o perfil de caminhoneiros que estão em sua região e escolher o que preferir. São mais parecidas com Tinder (aplicativo para paquera) do que com Uber, diz Salazar.

 

Vega afirma que a CargoX possui cadastro de 100 mil caminhoneiros. A maior parte deles ainda terá suas informações checadas e passará pela capacitação.

 

Mercado competitivo

 

Marcelo Nakagawa, professor do Insper, diz que o mercado para conectar autônomos e embarcadores tem potencial para crescer, especialmente na crise, quando a busca por eficiência aumenta.

 

Porém ele diz acreditar que haverá dificuldades para a nova companhia, mesmo tendo o apoio de Salazar.

 

“É um mercado que já possui competidores bem posicionados, tanto em número de profissionais como também em investidores e parcerias de distribuição”, diz.

 

Entre os outros serviços, a TruckPad possui cerca de 370 mil caminhoneiros com o aplicativo instalado, a Rede Frete Fácil tem 350 mil, e a Sontra Cargo, 150 mil.

 

Esta última também foi fundada por Vega. Ele diz que cada empresa atende um público diferente. (Folha de S. Paulo/Filipe Oliveira)